sábado, outubro 09, 2010

PRATHIAHARA, DHARANA, DHIANA E SAMADHI

2.5 PRATYAHARA

Esta prática é uma preparação para etapa seguinte, o dharana, ou concentração. Consiste em aprender a controlar e suprimir os sentidos externos, em não se deixar influenciar por nenhum dos cinco sentidos, e com isso entrar num estado de introspecção dos sentidos. Somente dessa forma se conseguirá uma concentração perfeita, livre da interferência dos objetos externos.


Conforme Abhedananda (1967, p. 41), “se pudermos desviar a mente dos objetos externos, fixá-la em algum objeto interno e colocar este sob o domínio da vontade, realizaremos tudo o que é exigido neste passo”. Mas adverte que aqueles que não se prepararem bem nos exercícios preliminares à concentração (Dharana), encontrarão muita dificuldade para obter a concentração necessária para obter bons resultados com a meditação.


Nos Aforismos do Yoga de Patânjali, de acordo com Duarte (1985, p.37), está escrito que “a introspecção dos sentidos (Pratyahara), é a renuncia dos mesmos aos seus objetivos externos, de forma a assumirem a mente como ela é. Desse processo, advém o controle absoluto dos órgãos dos sentidos”.


O praticante deve aprender a controlar a atenção apenas nos objetos internos, reunindo suas forças mentais que geralmente estão espalhadas nos objetos externos e não permitir que sua atenção se volte para fora, mas mantenha-se sempre dentro, focalizada no objeto de contemplação interno.


Esta não é uma tarefa fácil, uma vez que a mente está acostumada a distrair-se com os objetos externos, mas com a prática constante consegue-se adquirir este controle, iniciando-se em focalizar um ou outro sentido unicamente, obtendo-se controle sobre ele e os demais.


As práticas anteriores (yamas, niyamas, ásanas e pranayamas), bem como os mudras e kriyas, preparam e auxiliam neste controle dos sentidos. Um excelente exercício para auxiliar neste estágio é o yoni mudra que se realiza da seguinte forma: tapar os ouvidos com os polegares, os olhos com os indicadores, o nariz com os dedos médios, e os lábios com os anelares e os mindinhos.
2.6 DHARANA

Quando a mente racional é silenciada, o modo intuitivo produz uma percepção extraordinária. O ambiente é vivenciado de forma direta, sem o filtro do pensamento conceitual .


A experiência da unidade do indivíduo com o meio que o cerca constitui a característica principal desse estado de meditação. Trata-se de um estado de consciência onde todas as formas de fragmentação cessaram, desvanecendo-se gradativamente até a unidade indiferenciada .
FRITJOF CAPRA (1985, p.38).


De acordo com Sivananda (1983, p.176), são exercícios de concentração que se pratica para deter as modificações da mente. A mente das pessoas em geral é muito dispersa, ocorrendo a dissipação da energia mental. No Dharana, estes raios dispersos se reúnem num feixe único e poderoso.


Os exercícios de concentração são praticados concentrando-se em algo externo ou interno. Externamente pode ser um objeto ou uma figura, olhando fixamente, observando os detalhes do objeto, sem deixar que qualquer outro pensamento interrompa o exercício, e depois que a mente estiver mais calma fixe em um ponto. Feche os olhos e visualize o objeto ou figura. Com a repetição desta prática, aumenta-se cada vez mais o poder de concentração e visualização. Inicialmente começa-se com trinta segundos, avançando até trinta minutos de concentração.


Após adquirir um bom domínio da prática externa, pode se realizar a concentração internamente, que pode ser concentrar em um Chakra, um órgão interno ou uma idéia abstrata, como “amor”, “paz”, “misericórdia” etc. A mente toma a forma do objeto em que se concentra (SIVANANDA, 1983, p. 178).



2.7 DHYANA

A meditação é manter o fluir incessante da consciência Divina.
A meditação é o único modo de alcançar a imortalidade e felicidade eterna.
SIVANANDA (1983, p. 179).


Dhyana é a meditação pura, o estágio que se segue após a concentração ou Dharana.


Conforme Sivananda (1983, p. 179), o estado da mente em que não há pensamentos sensuais é a meditação. É um contínuo fluir da percepção ou o pensamento. Há uma corrente contínua na mente sobre um só objeto.


Para Duarte (1984, p.47), a finalidade última da meditação é preparar o praticante e dar-lhe as condições básicas para atingir a realidade máxima. Ao praticar a meditação ocorre a transcendência da existência material e atinge-se uma nova dimensão do ser.


Todas as etapas anteriores que a precedem têm como finalidade a superação das necessidades e paixões causais e o desenvolvimento dos valores de caráter superior e espiritual, enquanto que, a meditação pura serve para consolidar e refinar esses estágios e também desenvolver a supra-consciência.


O que geralmente as pessoas entendem por meditar em realidade não é meditar, é apenas pensar. Meditar é pensar em uma única coisa, não ficar pensando várias coisas. É um processo de pensamento unipontual em que se excluem todos os outros pensamentos, sensações ou sentimentos. Em outra via de meditação (budista), ou em estágio avançado, não se pensa em nada, dessa forma a mente entra no chamado “Vazio Iluminador”, uma experiência paradisíaca e iluminadora.

Na meditação concentra-se num único objeto (num único pensamento ou em nenhum pensamento) por trinta minutos, no início, indo até três horas, em estágios avançados. Deve-se praticar diariamente a meditação, preferencialmente em horários pré-determinados. Todavia, o mais importante é que se pratique.


Como toda meditação tem caráter espiritual (e não material), o objeto de concentração da meditação é Deus, em seu aspecto concreto (denominado Saguna) ou abstrato (Nirguna). No primeiro caso medita-se na forma de Deus, ou seja, em Cristo; no segundo caso, medita-se na abstração de Deus, no Nome de Deus, que pode ser Iod He Vau He (Jhwh) ou OM. Repete-se continuamente o Nome de Deus. Pensa-se unicamente em Deus: “Eu Sou o Infinito, Eu Sou Luz, Eu Sou Glória, Eu Sou Todo Poder, Eu Sou Todo Felicidade”, e então virá o êxtase ou Samadhi, o estado superconsciente de união com Deus.



2.8 SAMADHI

A meditação é Samadhi quando brilha com o objeto da meditação somente, como se estivesse vazia de si. Quem pensa e o meditado se tornam um só. Desaparecem as noções separadas de “contemplação”, ”contemplado“ e ” contemplador“. No estado de Samadhi o aspirante não é consciente de objetos externos nem internos. O Samadhi, ou a bem-aventurada experiência divina, surge quando se dissolvem o ego e a mente.
SIVANANDA (1983, p.181).

O Samadhi é o estado de êxtase buscado pelos yogues, é o estado de União com Deus. Neste estado de êxtase não há pensamentos, nem imaginação, nem apegos, apenas bem-aventurança e felicidade suprema. Esta é a experiência máxima que o ser humano pode experimentar. Esta é a experiência libertadora, que produz Moksha (Liberação), Iluminação.


Este estado de iluminação liberta o indivíduo de todos os sofrimentos. Confere o conhecimento supremo, conforme aludido no frontispício de Delfos: “Homem Conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o Universo e os Deuses”. Ao atingir este estado o indivíduo passa a ser um Iluminado e pode afirmar: “Eu e o Pai somos Um” (Jo 10:30), conforme em THOMPSON (1996).


De acordo com Abedhananda (1967, p. 41), “nesse estado, o sexto sentido, de uma percepção mais sutil, desenvolve-se, abre-se a vista espiritual e o indivíduo se encontra face a face com o Ser Divino que habita no íntimo. Nele, o estudante compreende que seu verdadeiro Ego é uno com o Espírito universal, e recebe toda revelação e toda inspiração que é possível virem à alma humana.”


Segundo Sivananda (1983, p.182), existem várias classes de Samadhi, entre elas o Bhava Samadhi, em que o praticante que medita sobre o Cristo, por exemplo, se encontra com Ele e sente-se uno com Ele; e também o Nirvikalpa Samadhi em que o Ego e a mente se derretem e fundem com Deus, a mente pura assume a forma de Deus.


Não há como ensinar a prática do Samadhi, pois esta etapa é o resultado das etapas anteriores, é um estado a ser atingido. Se o praticante se dedicar adequadamente na execução das etapas anteriores, atingirá o estado de perfeição e felicidade suprema.
Postado por Kojji Narimatsu

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