terça-feira, fevereiro 25, 2014


Além do conhecimento e do não conhecimento

Medite sobre o aspecto positivo da vida e então sobre o negativo. Depois coloque ambos de lado, pois você não é nenhum deles.

Olhe para isso desse jeito. Medite sobre o nascimento: uma criança nasceu, você nasceu. Então você cresce, torna-se jovem. Medite sobre todo esse crescimento. Daí você se torna velho e morre. Desde o próprio começo... imagine o exato momento em que seu pai e sua mãe conceberam você, no útero de sua mãe, desde a primeira célula. Olhe de lá até o final quando o seu corpo está queimando numa pira funerária e todos os seus parentes estão de pé ao seu redor. Então coloque ambos de lado, aquele que nasceu e aquele que morreu. Simplesmente coloque ambos de lado e olhe para dentro de si. Lá está você - aquele que nunca nasceu e que nunca vai morrer.

Você pode fazer isso com qualquer polaridade positiva-negativa. Você está sentado aqui. Eu olho para você, eu conheço você. Então, eu fecho os olhos e você não está mais aí; eu não conheço você. Então coloco ambos de lado: o conhecimento do que eu conheço e o conhecimento do que eu não conheço. Você estará vazio, porque quando você põe de lado o conhecimento e o não-conhecimento, você fica vazio.

Existem dois tipos de pessoas: algumas são preenchidas com conhecimento e outras são preenchidas com ignorância. Existem pessoas que dizem, `nós sabemos`. O ego delas subiu com o conhecimento. E existem pessoas que dizem, `nós somos ignorantes`. Elas estão preenchidas com a ignorância.. Elas dizem, `nós somos ignorantes, nós não sabemos`. Um é identificado com o conhecimento e o outro com a ignorância. Mas ambos possuem alguma coisa, ambos valorizam alguma coisa. Empurre ambos para o lado, o conhecer e o não-conhecer, assim você não é nem a ignorância, nem o conhecimento.Coloque ambos de lado, o positivo e o negativo. Então quem é você? De repente, o `quem` será revelado a você. Você se tornará consciente do além, daquilo que transcende. Colocando ambos de lado, o positivo e o negativo, você estará vazio. Você será nenhum, nem sábio nem ignorante. Coloque ambos de lado, o ódio e o amor; coloque ambos de lado, a amizade e a inimizade. Quando ambas as polaridades forem colocadas de lado, você estará vazio.

Mas esse é o truque da mente: ela pode colocar um de lado, mas nunca os dois juntos. Ela pode colocar um de lado - você pode colocar a ignorância de lado, então você se agarra ao conhecimento. Você pode colocar a dor de lado, mas aí você se agarra ao prazer. Você pode colocar os inimigos de lado, mas aí você se agarra aos amigos. E existem algumas poucas pessoas que fazem justamente o contrário: elas colocam os amigos de lado e se agarram aos inimigos; elas colocam o amor de lado e se agarram ao ódio, elas colocam a riqueza de lado e se agarram à pobreza; elas colocam o conhecimento e as escrituras de lado e se agarram à ignorância. Essas pessoas são grandes renunciadores. Qualquer coisa que você se agarra, elas colocam de lado e se agarram ao oposto - mas elas se agarram do mesmo jeito.

Agarrar-se é o problema, porque se você se agarra, você não consegue esvaziar-se. Não se agarre; esta é a mensagem dessa técnica. Simplesmente não se agarre a nada, positivo ou negativo, porque com o não-agarrar-se você encontrará a si mesmo. Você está aí, mas por causa desse agarrar, você está escondido. Com o não-agarrar você estará exposto, você estará descoberto. Você explodirá.

terça-feira, janeiro 21, 2014


Abandono do Passado

OS PROBLEMAS BÁSICOS abordados pelo mesmo relatório, "Nosso Futuro Comum" - alimentação segura, população humana e recursos, espécies e eco-sistemas, indústria, poluição e problemas urbanos - são realmente apenas uma pequena parte de todo o problema. O relatório ignora os problemas reais. Ele diz que as nações devem trabalhar juntas, mas não olha para as raízes: Quem está dividindo a terra? O relatório diz que a economia e a ecologia estão conectadas, mas o que dizer dos interesses investidos do passado, da religião e da política, que são as causas das divisões nacionais? Dizendo que temos que trabalhar agora para salvar o futuro, o relatório subentende que a presente situação foi criada pelo passado. Mas ainda estamos de toda maneira apegados ao passado.

Se somos responsáveis pelo futuro, quem é responsável por nós? Fomos criados pelo passado e estamos vivendo na miséria.

Nós não criamos estes problemas; eles foram criados pela humanidade passada. Se realmente queremos encontrar soluções para o futuro, temos que encontrar as raízes desses problemas no passado.

Podar as folhas das árvores não mudará nada - você terá que cortar as raízes. E no momento em que você começar pelas raízes, você estará em dificuldades, porque os políticos estão nas raízes, as religiões organizadas estão nas raízes, todas as nações estão nas raízes - e a unidade básica da sociedade é o casamento, do qual todos os nossos problemas basicamente se originam.

Se pudermos dissolver o casamento, a sociedade se dissolve, e como um sub-produto, as nações, raças, políticos e sacerdotes desaparecerão; Eis porque todos eles insistem no casamento - eles sabem que ele é a raíz e que ele é necessário para manter o homem miserável e escravizado.

Para ter um futuro diferente, o qual virá por si próprio, teremos que nos desconectar do passado.

Parece que o homem existe para todos estes tipos de coisas - democracia, socialismo, facismo, comunismo, Hinduísmo, Cristianismo, Budismo, Maometismo.

A realidade deveria ser que tudo existe para o homem; e o que for contra o homem, não deveria de forma alguma existir.

Todo o passado da humanidade está cheio de ideologias estúpidas pelas quais os povos estiveram fazendo cruzadas, matando, assassinando, queimando pessoas vivas. Nos últimos três mil anos lutamos cinco mil guerras, como se a vida fosse para lutar e não para sermos criativos, não para desfrutarmos dos presentes da natureza.

Temos que abandonar toda esta insanidade.

Não podemos mudar nada nesse mundo a menos que cortemos estas raízes completamente.

A mais importante necessidade da humanidade hoje é tornar-se ciente de que o passado a traiu; que não há sentido em dar continuidade ao passado - será um suicídio - e que uma nova humanidade é urgente e absolutamente necessária.

domingo, janeiro 19, 2014


Além de Marte e Vênus - OSHO
Perguntaram a Osho: “As mulheres realmente pensam diferente dos homens? Ou isso é só uma superstição?” Não é só superstição. E é muito bonito o fato de não ser superstição. O mundo precisa dessa variedade. Imagine – um mundo onde só os homens existissem ou um mundo onde só as mulheres existissem... seria um mundo pobre, muito pobre.

Os homens e as mulheres são polos e é entre eles que o mundo se torna colorido, belo.

Mas sim, também existem problemas. As flores não vêm sozinhas, vêm com seus espinhos também. Os dias não vêm sozinhos, eles trazem suas noites com eles.

A existência acredita em polos. Funciona como o que Karl Marx chamou de dialética. O processo da evolução é dialético. É entre as polaridades que o mundo da existência se desenvolve.

A mulher é mais intuitiva, mais instintiva. Se ela não meditar, será apenas instintiva. Ela pensa com seu corpo. Ela é mais ligada ao corpo do que o homem, ela conhece mais seu corpo do que o homem; e no corpo encontramos toda a evolução ocorrida durante milhões de anos.

O homem está mais ligado à mente, é mais intelectual. Mas o intelecto é um desenvolvimento muito tardio. Enquanto o instinto é antigo e profundo, o intelecto é superficial e novo, muito infantil. Se o homem meditar, ele terá mais dificuldades para se livrar do intelecto, pois toda a sua educação e criação foram baseadas na mente, no intelecto. E, para meditar, ele precisa deixar de lado tudo o que sabe.

A mulher pode meditar com mais facilidade, porque o salto do instinto para a intuição é muito simples. O salto do intelecto para a intuição é mais difícil, só que, infelizmente, durante séculos, a mulher não teve permissão de participar do mundo da meditação.

Ela tem sido, na verdade, rejeitada por quase todas as religiões. A razão é simples: todas as religiões são contra o corpo, e a mulher é guiada por ele. Ao rejeitar a mulher, elas estão rejeitando a orientação corporal. Elas são contra o corpo. Todas as ideologias religiosas são intelectuais.

E, certamente, a mulher não consegue participar tão facilmente de atividades intelectuais. Ela se sente entediada, e pensa: “Por que os homens ficam discutindo tanta bobagem quando existem tantas coisas interessantes acontecendo?” O homem acha que a mulher só serve por causa do corpo dela, só é boa para o sexo, e que ela não é boa para nenhuma conversa intelectual, ou filosófica. Os homens e as mulheres sabem que são um pouco estranhos. E ambos concordam com relação a isso.

Já ouvi dizer que o homem foi feito antes da mulher para que ele tivesse tempo de pensar o que responder à primeira pergunta que ela faria.

Mendel Kravitz está completamente nu em frente à janela aberta, fazendo seus exercícios matinais. Sua esposa entra no quarto e grita: “Mendel, seu idiota! Feche essas cortinas. Não quero que os vizinhos pensem que me casei com você por causa de seu dinheiro.” Uma lógica absolutamente diferente – na qual os homens podem não ter pensado.

O padre, conhecido por seus sermões a respeito do fogo do inferno, estava deixando a paróquia. Uma senhora aproximou-se dele e disse: “Sinto muito que o senhor está indo embora, padre. Não sabíamos o que era pecado até a sua chegada.” Um belo gato acabara de se mudar para aquela vizinhança, e todas as outras gatas ficaram muito interessadas. Uma delas saiu com ele. “Ai, ai” –, todas as outras disseram na manhã seguinte: “Como foi?” “Uma perda de tempo” – respondeu a gata. – “Ele só falou sobre sua operação.” Certamente existe uma grande diferença entre o modo de pensar do homem e da mulher, o modo de enxergar as coisas. Mas isso deixa a vida mais saborosa, mais temperada. O mundo precisa de todos os tipos de instrumentos musicais para formar uma orquestra. Apenas um tipo de instrumento musical fica muito tedioso.

A mulher não foi respeitada no passado. Isso deixou o mundo empobrecido sob muitos aspectos, por que a mulher não pôde expressar sua maneira de ver as coisas.

Ela foi forçada a pensa... ...r como homem, a se comportar como homem, a ser apenas uma sombra do homem, mas não permitiram que ela fosse ela mesma. Isso era algo muito feio e condenável. Eu condeno isso incondicionalmente.

A mulher deveria ter a permissão de ser quem ela é. Não precisa ser uma cópia do homem, não tem de pensar como o homem. Ela tem de pensar por si mesma, tem de ser ela mesma, e isso dará ao mundo uma polaridade mais ampla.

Quanto mais distantes estejam as individualidades do homem e da mulher, mais profunda será a atração entre eles. Eles deveriam ser estranhos um para o outro – só assim podem se apaixonar um pelo outro. Eles deveriam permanecer misteriosos um para o outro. Só então o amor deles poderia ser uma alegria, uma descoberta constante.

Mas a mulher tem sido massacrada. Seus mistérios têm sido massacrados. Ela tem sido usada somente como uma fábrica de produção – sem receber os direitos humanos básicos. E isso tem deixado o mundo chato, feio.

O homem tem dominado essa relação a tal ponto que a história toda está repleta de guerras. Se a mulher tivesse igualdade de oportunidades de crescimento, o mundo não teria visto tantas guerras. Porque, em todas as guerras, são os homens que morrem, mas as mulheres que sofrem.

Ser morto é fácil. Muito mais difícil é sofrer. A mãe sofre por seus filhos que são mortos. A esposa sofre quando seus entes queridos são mortos. As irmãs sofrem quando seus irmãos são mortos. E a agonia delas vai durar pelo resto de duas vidas. Para aqueles que são mortos, é algo muito pequeno. Acontece dentro de segundos – e você morreu. Mas a mulher tem sofrido há séculos.

Nenhuma mulher quer a guerra, porque ela é sempre a principal vítima, e não o homem. É o homem quem cria a guerra, é o homem quem luta na guerra, mas é a mulher quem sofre.

A mulher é metade do mundo – se essa metade do mundo tivesse a permissão de se expressar, a história teria sido diferente. Teria sido mais pacífica, mais amorosa, mais sensível, mais harmoniosa. Ainda há tempo para permitir que a mulher seja simplesmente quem ela é, pura, não influenciada pelo homem. E teremos um mundo e uma humanidade melhores.

Não é triste o fato de que as mulheres pensem de maneira diferente. É imensamente significativo e algo que deve ser profundamente comemorado. Mas a mulher precisa de sua liberdade completa. O mundo vive dominado pelo homem já há muito tempo. Já está na hora da mulher ter sua participação em tudo o que está acontecendo. Ela tem de contribuir com sua parte, que será diferente da parte do homem.

E criará um todo mais harmonioso do que fomos capazes de criar até agora. Tem sido um semicírculo. É preciso que se faça um círculo inteiro. A vida tem de ser total – o homem e a mulher juntos, contribuindo com as qualidades inatas de cada um: seus potenciais distintos, suas linguagens diferentes, suas maneiras diversas de pensar, ver e ser.

Osho, em "Além de Marte e Vênus" Pesquisado na Internet por: Aparecido Marques - Psicoterapeuta Holístico CRT 40627 E-mail: aparecido.marques1936@hotmail.com Skype: aparecido.marques7 Fone: 11 99425 1174 Convite Importante: Se alem de saúde física ousar a saúde financeira veja uma proposta extraordinária no Site: www.Bbom.com.br e se inscreva sob o Link: www;Bbom.com.br/apmarks e passe a desfrutar da melhor saúde...!

quarta-feira, janeiro 15, 2014


A Disciplina de Meu Corpo
e você escutar e ficar atento ao seu corpo, você começará a ter uma disciplina que não pode ser chamada de disciplina.

Agora psicólogos dizem que o corpo de todos, enquanto dormem, perde sua temperatura normal por duas horas; a temperatura cai em dois graus. Isso pode acontecer a você entre três e cinco, ou entre duas e quatro, ou entre as quatro e seis horas da manhã, mas a temperatura do corpo de toda pessoa cai em dois graus toda noite. E essas duas horas são os momentos de sono mais profundo. Se você se levanta entre estas duas horas, você irá se sentir desorientado pelo resto do dia. Você pode ter dormido, seis, sete horas; isso não faz diferença. Se você se levantar entre essas duas horas quando a temperatura estava baixa, então você se sentirá cansado por todo o dia, sonolento, bocejando. E você irá sentir que alguma coisa está faltando. Você ficará mais perturbado. O corpo se sentirá doente.

Se você acordar exatamente após essas duas horas, quando essas duas horas passaram, esse é o momento certo para você acordar. Assim você está perfeitamente renovado. Se você puder dormir somente por duas horas será o bastante. Seis, sete ou oito horas de sono não são necessárias. Se você puder dormir apenas essas duas horas quando a temperatura está dois graus abaixo, você irá se sentir perfeitamente feliz, à vontade. Por todo o dia você irá sentir uma graça, silêncio, saúde, totalidade, bem-estar.

Agora todo mundo precisa observar quando essas duas horas acontecem. Não siga nenhuma disciplina do exterior, porque essa disciplina pode ter sido boa para a pessoa que a criou... Você precisa descobrir seu próprio corpo, suas maneiras, o que lhe convém – isso é o certo para você.

Uma vez encontrado isso, você pode facilmente permiti-lo, e não será forçado, porque estará em sintonia com o corpo. Portanto, não há nada que você esteja impondo; não há nenhum conflito, nenhum esforço.

Observe, enquanto come, o que lhe convém.

As pessoas continuam comendo todo tipo de coisas. Então elas ficam perturbadas. Então suas mentes ficam afetadas. Nunca siga a disciplina de ninguém porque ninguém é como você, desse modo ninguém pode dizer o que mais lhe convém. Eis porque lhe dou apenas uma disciplina e essa é a de autoconsciência, a qual é da liberdade.

Você escuta seu próprio corpo. O corpo possui uma grande sabedoria nele. Se você o escutar, você estará sempre certo. Se você não o escuta, e você continua forçando coisas nele, você nunca será feliz, você será infeliz, doente, bem doente, e sempre perturbado, distraído, desorientado.

Desfrutar do momento não tem nada a ver com coisas novas. Desfrutar do momento certamente tem alguma coisa a ver com a harmonia.

Osho: The Discipline of Transcendence Osho, Extraído de: The Discipline of Transcendence

sexta-feira, janeiro 10, 2014


A iluminação do Osho

Para Osho não havia escapatória, não havia atalhos. Ele sabia muito bem que estava diante de um momento muito crucial em sua vida e que poderia pirar, por uma falta de atenção, ou se perdesse a paciência, ou se lhe faltasse a coragem. De novo, foi a ausência de um mestre que criou esta situação tão crítica. A sua busca foi longa e árdua, mas ele não conseguiu encontrar nenhum. ‘É muito raro encontrar um mestre’, ele confidenciou.

É raro encontrar um ser que tenha se tornado um não-ser, raro encontrar uma presença que é quase uma ausência, raro encontrar um homem que é simplesmente uma porta para o divino, uma porta aberta para o divino que não irá impedi-lo, através da qual você poderá passar. É muito difícil… Sim, algumas vezes acontece que a pessoa tem que trabalhar sem um mestre. Se o mestre não está disponível, então a pessoa tem que trabalhar sozinha, mas neste caso a jornada é muito perigosa.” Esta situação tremendamente intensa e desafiadora durou todo um ano. Ela colocou Osho no mais difícil estado da mente. Ele fez uma descrição do que aconteceu com ele durante esse período.

Por um ano foi quase impossível saber o que estava acontecendo… Manter-me vivo simplesmente já era uma coisa difícil, porque todo o meu apetite desapareceu. Os dias passavam e não sentia fome alguma e não sentia sede. Eu tinha que me forçar a comer e a beber. O corpo era tão não-existencial que eu tinha que me machucar para sentir que ainda estava no corpo, eu tinha que bater em minha cabeça para sentir se ela ainda estava ali ou não. Só quando doía eu me sentia um pouco no corpo.

Toda manhã e toda tarde eu corria de oito a doze quilômetros. As pessoas achavam que eu tinha enlouquecido. Por que eu estaria correndo tanto? Vinte e quatro quilômetros num dia! Era apenas para eu me sentir, para não perder o contato comigo mesmo... Eu não conseguia falar com ninguém porque tudo havia se tornado tão inconsistente que até mesmo formular uma frase era difícil. No meio da frase eu me esquecia do que estava dizendo, no meio de um caminho eu me esquecia para onde eu estava indo. Daí, eu tinha que voltar...

Eu tive que permanecer fechado em meu quarto. Eu decidi não falar, não dizer coisa alguma, porque se dissesse algo, era o mesmo que dizer que eu estava louco.

Por um ano isso persistiu. Eu simplesmente me deitava no chão, olhava para o teto e contava de um até cem e depois de cem até um. Manter a capacidade de contar era pelo menos alguma coisa. Repetidas vezes eu me esquecia. Levou um ano para que eu recuperasse o foco novamente, para que voltasse a ter uma perspectiva.

Não havia ninguém para me dar um suporte, ninguém a me dizer para onde eu estava indo e o que estava acontecendo. Na verdade, todo mundo era contra… meus professores, meus amigos, os que me queriam bem.” Durante esses tempos difíceis, Kranti cuidou muito do Osho e tomou conta de todas as suas necessidades com amor e dedicação. Kranti era sua prima. Muitas vezes Osho reclamava de acentuadas dores de cabeça, o que trazia grandes preocupações para ela. Ela e seu irmão Arvind quiseram muito fazer algo para encontrar uma cura para as sofridas dores de cabeça do Osho. Mas ele lhes dizia amorosamente para não se preocuparem, pois nada poderia ser feito a respeito daquelas dores.

O pai de Osho também falou a respeito dessas dores de cabeça. Certa vez a dor se tornou tão aguda que Kranti e Arvind enviaram uma mensagem urgente para Gadarwara e Dada teve que correr para Jabalpur. Dada pensava que as dores de cabeça eram causadas pelas longas leituras que Osho costumava fazer. Ele lembrou como Osho, em Gadarwara, simplesmente ficava fazendo aplicações de bálsamo em sua testa para acabar com a dor, mas sem interromper suas leituras. A mãe de Osho também se recordou de um antigo incidente quando Osho teve uma tormentosa dor de cabeça e o sangue começou a escorrer pelo seu nariz. Ela ficou preocupada, mas felizmente, depois de um tempo o sangue estancou. Mas as dores ...

...de cabeça daqueles anos de faculdade não pareciam estar relacionadas com esse seu hábito de leitura. Ao invés disso, elas eram devido ao estado psicológico pelo qual Osho estava passando.

Vendo suas condições físicas e psicológicas, a família começou a suspeitar que devia ser verdadeira a previsão do astrólogo de que Osho iria morrer aos vinte e um anos. Eles o levaram de um médico a outro. Só Osho sabia que esse esforço desesperado não tinha sentido. Ele insistia que não havia necessidade de ser examinado por um médico, porque nenhuma medicação iria lhe fazer bem. Osho descreve uma notável visita a um médico: Eu fui levado também a um vaidya, um médico. Na verdade eu tinha sido levado a muitos médicos, mas apenas um vaidya Ayurvédico disse ao meu pai: ‘ele não está doente. Não desperdice o seu tempo’. Naturalmente, eles estavam me arrastando de um lugar a outro. E muitas pessoas me recomendavam medicações, mas eu dizia ao meu pai, ‘Por que você está preocupado? Eu estou perfeitamente bem.’ Mas ninguém acreditava no que eu estava dizendo. Eles diziam. ‘Fique quieto e tome a medicação. O que há de errado nisto?’ Então, eu tomei todo tipo de medicação.

Apenas um vaidya era um homem de insight. Seu nome era Pundit Bhagirath Prasad… Aquele velho médico já se foi, mas ele era um raro homem de insight. Ele olhou para mim e disse, ‘Ele não está doente. E começou a chorar e a dizer, ‘Eu tenho buscado por este estado em toda a minha vida. Ele é afortunado. Nesta vida eu perdi essa oportunidade. Não o leve a mais ninguém. Ele está chegando em casa’. E ele chorou lágrimas de felicidade.

Osho - dias antes da iluminação Ele tornou-se o meu protetor contra os médicos. Ele disse ao meu pai, ‘Deixe ele comigo. Eu cuidarei dele.’ Ele nunca me deu qualquer medicação. Quando meu pai insistia, ele me dava pílulas de açúcar e dizia. ‘Estas pílulas são de açúcar. São apenas para consolá-los. Você pode tomá-las. Elas não lhe farão nenhum mal, mas também nenhuma ajuda. Na verdade, não existe ajuda possível.” A leitura física das condições do Osho estava correta, porque seu mal não era comum, ele não era um paciente ordinário. Osho conhecia suas condições e suas causas melhor do que qualquer médico experiente.

“Agora, aquilo estava além de mim, já estava acontecendo. Eu tinha feito alguma coisa. Sem saber, eu tinha batido na porta. Agora a porta estava aberta. Eu havia meditado por muitos anos, simplesmente me sentando silenciosamente e nada fazendo. Pouco a pouco eu comecei a entrar naquele espaço, aquele espaço do coração, onde você está, sem fazer coisa alguma; você simplesmente está ali, uma presença, um observador.” A intensidade das meditações de Osho continuou a se aprofundar. Suas experiências estavam levando-o a uma grande explosão. De todas as meditações que ele costumava fazer, uma era particularmente poderosa, a que ele costumava fazer no topo de uma árvore. Uma fascinante experiência ocorreu em Saugar, em Madhya Pradesh, aproximadamente um ano antes que o grande feito acontecesse. Enquanto cursava a faculdade em Jabalpur, Osho foi convidado a participar de um debate patrocinado pela Universidade de Saugar. Osho esteve ali por três dias e ele descreve o que aconteceu: “Eu costumava sentar-me numa árvore e meditar à noite. Muitas vezes eu sentia que quando eu meditava sentado no chão, o meu corpo ficava com muito poder e eu tinha que ficar com as mãos para cima, talvez porque o corpo é feito com a matéria terra. O que se fala a respeito de iogues indo para os topos das montanhas ou para as alturas do Himalaia, certamente não é em vão, mas definitivamente baseado em princípios científicos. Quanto maior a distância entre o corpo e a terra, menor fica a força ou pressão física do corpo... E o poder da força interior aumenta. É por isto que eu costuma trepar em árvores altas e me absorvia em meditação por horas, toda noite.

Uma noite, eu estava tão entregue à meditação que eu não sabia que meu corpo havia c... ...aído da árvore. Eu olhei com desconfiança quando vi meu corpo deitado no chão. Eu estava surpreso com o acontecido. Eu não conseguia entender como aquilo aconteceu, pois eu estava sentado na árvore e meu corpo estava deitado no chão. Era uma experiência muito embaraçosa. Uma linha luminosa, uma corda brilhante prateada partia do umbigo do meu corpo e unia a mim no alto, onde eu estava empoleirado na árvore. Aquilo estava além da minha capacidade de entender, ou prever o que iria acontecer depois, e eu me preocupei a respeito de como eu iria retornar ao corpo. Por quanto tempo aquele transe durou, eu não sei, mas aquela era uma experiência única que eu nunca tinha tido antes.

Naquele dia, pela primeira vez, eu vi o meu corpo de fora e, desde então, a mera existência física do meu corpo findou para sempre. Desde aquele dia, também a morte deixou de existir, porque eu experienciei então que o corpo e o espírito são duas coisas diferentes, separados um do outro. Aquele foi o momento mais importante: a minha percepção do espírito que está no interior de todo corpo humano.

É realmente muito difícil dizer quanto tempo durou aquela experiência. Quando a manhã chegou, duas mulheres de algum povoado da vizinhança passaram por ali carregando leite e viram o meu corpo. Do topo da árvore, onde eu estava sentado, eu as vi olhando para o meu corpo. Elas aproximaram-se e sentaram-se ao lado. Elas tocaram minha testa com as mãos e no mesmo instante, como se por transparente força de atração, eu retornei para meu corpo e os olhos se abriram.

Osho - após a iluminação Eu percebi que uma mulher consegue criar uma carga de eletricidade no corpo de um homem e da mesma maneira um homem ao tocar no corpo de uma mulher. Então eu ponderei sobre a coincidência do toque da mulher em minha testa e meu imediato retorno ao meu corpo. Como e por que tudo aquilo aconteceu? Muitas outras experiências deste tipo ocorreram comigo e eu compreendi porque na Índia aqueles espiritualistas que conseguem experimentos de samadhi (um estado ininterupto de pura consciência) têm mulheres a colaborar com eles. Se em profundo samadhi, o ser espiritual, tejas sharira, sai do corpo físico do homem, ele não consegue retornar ao corpo sem a cooperação e assistência de uma mulher. Tão logo o corpo de um homem ou mulher entra em contato, uma corrente é estabelecida e um círculo elétrico se completa. E naquele exato momento, a consciência do espírito que havia saído, retorna.

Depois disso eu experienciei este fenômeno seis vezes num período de seis meses. Durante aqueles seis meses cheios de eventos, eu senti que a duração da minha vida reduziu-se em dez anos, ou seja, se eu fosse viver setenta anos, agora, com aquelas experiências, eu iria viver apenas sessenta anos. Tais experiências extraordinárias, eu tive naqueles seis meses. Os pelos em meu peito esbranquiçaram e eu não consegui compreender o significado de todos aqueles acontecimentos. Então eu pensei e percebi que toda conexão ou ligação que havia entre este corpo físico e o ser espiritual estava interrompida e o ajuste que havia naturalmente entre eles, estava rompido.” Na medida em que Osho entrou mais fundo nos mistérios da meditação, seus questionamentos desapareceram. O seu fazer cessou, a sua busca chegou a um ponto onde não havia mais aonde ir. Assim como aconteceu por ocasião da morte de seu avô, Osho foi trazido ao seu centro, mas agora isso era para sempre. Osho relata que bem no fundo existe o vazio, não existe qualquer fazedor. Ele deixou a ambição, ele não tinha desejo algum de se tornar alguém, ou de chegar a algum lugar. Ele não se preocupava com Deus ou com nirvana. ‘A doença do Buda havia desaparecido completamente...’, disse Osho.

O momento oportuno havia chegado. As portas se abriram, o amanhecer já não estava longe. Nas palavras do Osho: “Um dia uma condição sem questionamento chegou. Não é que eu tenha recebido uma resposta. Não. Ao invés disso, todos os questionamentos simp... ...lesmente se desmontaram e um grande vazio foi criado. Era uma situação explosiva. Viver naquela condição era tão bom quanto morrer. E então, a pessoa que estava fazendo as perguntas, morreu. Depois daquela experiência de vazio, eu não tive mais perguntas. Todos os assuntos sobre os quais as perguntas poderiam ser feitas, não mais existiam. Depois disso, nenhum questionamento permaneceu.” O próprio Osho não revelou o acontecimento da iluminação para ninguém por quase vinte anos. A história apareceu mais dramaticamente numa noite quando Osho estava morando nos apartamento no Woodland em Bombaim. Kranti, a sua prima, era muitas vezes indagada pelos amigos se ela sabia quando Osho se iluminou. Ela não podia lhes dizer porque ela não sabia. Mas sempre havia alguém novo perguntando a respeito disso, e ela sentia um impulso de tentar saber isso do próprio Osho.

Finalmente, Kranti perguntou ao Osho a respeito de sua iluminação: “Na noite passada, 27 de novembro de 1972, a curiosidade que eu carregava era tanta que se tornou incontrolável. Aproximava-se das onze e trinta. Após tomar seu leite, Osho foi para a cama. Eu também estava deitada na minha cama quando de repente eu senti como se estivesse perguntando Osho quando ele tinha alcançado a iluminação. Logo após ter me ocorrido esse pensamento, eu lhe perguntei. ‘Quando você alcançou a iluminação?’ Osho riu e disse, ‘Foi você mesma que se sentiu inspirada a querer saber isto ou é porque as pessoas ficam lhe perguntando?’ Eu disse, ‘Ambas as coisas são verdadeiras, por favor me diga.’ Osho começou a rir novamente e disse, ‘Eu vou lhe dizer em outra hora.’ Eu disse, ‘Eu quero saber exatamente agora.’ Ele disse, ‘Comece a pensar e você saberá’.

Permaneci quieta por um tempo. Então, eu disse, ‘Eu acho que você alcançou a iluminação com a idade de vinte e um ou vinte e dois anos, quando você estava cursando o segundo ano da Faculdade. Logo que eu mencionei isto, Osho disse um pouco mais seriamente, ‘A idade era vinte e um e não vinte e dois.’ Daí eu fiquei curiosa a respeito da data e do ano e lhe perguntei.

Osho disse, ‘Foi no dia 21 de março de 1953.’ Depois de algum silêncio, eu perguntei novamente, ‘Onde aconteceu? Alguma coisa fora do normal aconteceu naquele dia?’ Osho disse, ‘Tente recordar, e você irá se lembrar de tudo.’ Eu permaneci deitada em silêncio e lembrei-me de uma noite, vinte anos atrás. Eu disse, ‘Aquela noite quando, de repente, você disse que estava saindo e só retornou às três horas.’ Osho disse, ‘Exatamente, foi precisamente naquela noite.’ Eu não podia acreditar que o que eu tinha visto era verdadeiro. E aqui estava Osho me dizendo que aquilo era mesmo verdadeiro. Eu conseguia ver no passado? Tudo era montado por ele. Ele estava fazendo tudo. Enquanto tais pensamentos estavam gritando em minha mente, uma outra curiosidade surgiu: a que hora da noite, onde, em que lugar Osho se iluminou?Imediatamente eu lhe perguntei, ‘Onde você foi naquela noite?’ Osho disse, ‘Ao Bhanvartal Garden.’ Em seguida ele acrescentou, ‘ao jardim’ e eu me lembrei de uma árvore. Eu disse, ‘Você foi ao jardim e sentou-se sob a arvore ashoka.’ Ele disse, ‘Não, eu estava sob a árvore maulshree.’ Então eu perguntei, ‘Uma vez que você estava no jardim entre as doze e as três horas, a que horas da noite o acontecimento teve lugar?’ Ele disse, ‘Recorde e você se lembrará.’ Eu fiquei em silêncio por um momento e todas as cenas daquela noite começaram a aparecer diante de meus olhos: como ele saiu de casa, como ele me acordou suavemente e disse que estava saindo e que não sabia quando iria retornar. Ele saiu logo após me dizer aquilo, e eu fiquei acordada por toda a noite esperando o seu retorno.

Então, todo o acontecimento começou a se revelar para mim. Eu pude até mesmo recordar-me de sua postura corporal: mudra. De alguma forma eu pude perceber que o acontecimento deve ter sido às duas horas. E logo que me veio esta idéia de duas horas, eu falei com Osho.

O... ...sho - após a graduação Ele disse, ‘Aconteceu exatamente às duas horas. Agora você pegou tudo certo.’ De novo eu estava espantada, mas tão alegre que foi impossível dormir. Várias vezes eu tinha a sensação que estava acordando todo mundo e lhes contando o que eu tinha ficado sabendo.” O próprio Osho deu as seguintes razões para não revelar a história de sua iluminação por quase vinte anos: Muitas pessoas me perguntavam porque eu permaneci em silêncio a respeito de minha iluminação ter ocorrido em 1953. Por quase vinte anos eu nunca falei a este respeito com ninguém, a não ser que alguém suspeitasse por si mesmo, a não ser que alguém perguntasse por conta própria...’Eu sinto que alguma coisa aconteceu com você. Eu não sei o que é, mas uma coisa é certa: alguma coisa aconteceu e você não é o mesmo como nós somos e você está escondendo isso.’ Naqueles vinte anos, não mais que dez pessoas me perguntaram, e mesmo assim eu evitei-as o máximo que pude, a não ser quando eu sentia que seu desejo era genuíno. Eu lhes contava somente após eles prometerem manter o segredo. E todos eles cumpriram. Agora, todos eles são sannyasins… Eu disse, ‘Esperem, no momento certo eu farei a declaração.’ Eu aprendi muito com os Budas do passado. Se Jesus tivesse ficado quieto a respeito de ser o filho de Deus, teria sido muito mais benéfico para a humanidade.” Osho decidiu não fazer essa revelação até que ele parasse de viajar pelo país, pois tornar isto conhecido significaria um grande risco para a sua vida.

Tradução: Sw. Bodhi Champak.

Este texto foi enviado para o tradutor há uns 15 anos, sem a indicação da fonte. As citações do Osho estão bem próximas, mas não exatamente iguais a certos trechos constantes no livro “Autobiografia de um Místico Espiritualmente Incorreto”, o que pode sugerir apenas variantes nas traduções.