sexta-feira, dezembro 30, 2011

O complexo de Jocasta

O complexo de Jocasta

Jocasta foi a mãe de Édipo (ler último post sobre o Complexo de Édipo), posteriormente sua esposa e mãe de suas 4 filhas.
O termo Complexo de Jocasta foi proposto por Raymond de Saussure quase 100 anos atrás. Ele designa a ligação afetiva deturpada que algumas mães sentem por seus filhos. Uma forma de amor que pode variar desde a superproteção com características simbióticas até fixações sexuais em relação ao filho.
É mais comum encontrarmos a variação do complexo de Jocasta naquela mãe que parece que não quer que seu filho cresça – pois significa que ele se afastaria dela. Que seja sempre “SEU bebê”.
Tudo bem, entendo que quase sempre ao mesmo tempo em que os pais ficam contentes por verem o desenvolvimento de seus filhos eles podem sentir aquela tristezinha de vê-los ficando independentes… isso não é sinônimo de complexo de Jocasta. O problema ocorre quando os pais não enxergam (negação) que os filhos devem ter outros papéis na vida para que sejam felizes.
É aquela mãe que não aceita nenhuma das namoradas que o filho escolhe… Como se o filho ainda fosse dependente e não soubesse fazer escolhas. Ela é quem sabe.
É aquela mãe superprotetora que vê o filho já grande cometendo atrocidades e ela ainda assim o protege… como se ele fosse incapaz de ser responsabilizado.
É a mãe que o superprotege fazendo tudo por esse filho – desde sua comidinha favorita até se matando para agradá-lo em suas necessidades mais caras e extravagantes. Como se ele próprio não pudesse trabalhar ou fazer sacrifícios para realizá-la. E o que vem fácil geralmente não tem valor.
A consequência desse tipo de comportamento é um adulto infantilizado e narcisista que não consegue assumir compromissos na vida. Espera ser servido. Não tem limites e pode manipular os outros em seu próprio benefício por considerar-se muito especial. Sim, pois ele sempre esteve neste lugar, neste pedestal. E a vida real – e os relacionamentos com as mulheres reais – fica muito difícil de ser levado já que o lugar junto a mãe é muito mais sedutor.
Vou dar um exemplo que pode facilitar o entendimento do que é o complexo de Jocasta:
Conheço uma senhora que tem 4 filhos adultos (entre 30 e 40 anos) e nenhum deles se casou. Ninguém prestava para estar com seus filhos. E essa sogra se envolvia tanto nos relacionamentos de seus filhos que as pretendentes não aguentavam e iam embora. Era uma eterna briga entre nora e sogra. Dois desses filhos ainda moram com a mãe.
Essa senhora tem um neto de 8 anos – fruto de um relacionamento falido de um de seus filhos . Esse neto gosta muito da avó que sempre o enche de presentes, guloseimas e chupeta(!). Presentes caros, guloseimas calóricas e chupeta de bebê. Ele é criado pela mãe e sempre quer ir na casa da avó. Na casa da mãe as guloseimas são reguladas, a chupeta já foi tirada – com muito sacrifício – e tem brinquedos sim. As vezes ganha um mais simples no dia a dia, mas presentes caros são reservados para o natal, aniversário e dia das crianças. Como deveria ser.
Essa mãe tem dificuldade para lidar com a sogra pois o nível de sedução por parte da última é muito grande. E é problemático na medida em que as consequências desse comportamento sedutor não estão sendo avaliadas por essa avó. Ela não colabora para que esse neto se desenvolva para a vida real. E aí ficará muito dificil sobreviver e relacionar-se com pessoas reais. Sua preocupação é que ele seja seu. É um amor onde o outro é visto como uma propriedade.
Agora imaginemos uma situação aonde uma mulher consiga se casar com um homem que seja filho de uma Jocasta dos tempos modernos. Esse homem estará ligado primeiramente à mãe. Sua esposa não tendo o marido consigo possivelmente fará essa ligação com os filhos, repetindo a história.
Uma mulher que não tem o marido para si ainda pode ter vida própria e não ver nos filhos toda a responsabilidade por sua realização.
Quando os pais são felizes e exercem outros papéis (profissional, social, sexual, etc.) os filhos ganham esses mesmos direitos e a educação não será sinônimo de dívida e sedução e sim de amor, preparação para a vida e apoio.
É a velha e sábia história que diz que os filhos devem ser criados para o mundo

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