*
Gustave
Doré: Ilustração para a Divina Comédia, de Dante Alighieri: Paraíso, canto XXXI
*
No
Cristianismo os anjos foram estudados de acordo com diversos sistemas de
classificação em coros ou hierarquias angélicas.
A
mais influente de tais classificações foi estabelecida pelo Pseudo-Dionísio, o
Areopagita entre os séculos IV e V, em seu livro De Coelesti Hierarchia.
Dionísio
foi um dos primeiros a propor um sistema organizado do estudo dos anjos e seus
escritos tiveram muita influência, mas foi precedido por outros escritores,
como São Clemente, Santo Ambrósio e São Jerônimo.
Na
Idade Média surgiram muitos outros esquemas, alguns baseados no do Areopagita,
outros independentes, sugerindo uma hierarquia bastante diferente.
Alguns
autores acreditavam que apenas os anjos de classes inferiores interferiam nos
assuntos humanos.
No
Cristianismo a fonte primária ao estudo dos anjos são as citações bíblicas,
embora existam apenas sugestões ambíguas para a construção de um sistema como
ele se desenvolveu em tempos posteriores.
Os
anjos aparecem em vários momentos da história narrada na Bíblia,como quando
três anjos apareceram a Abraão.
Isaías
fala de serafins; outro anjo acompanhou Tobias; a Virgem Maria recebeu uma
visita angélica na anunciação do futuro nascimento de Cristo, e o próprio Jesus
fala deles em vários momentos, como quando sofreu a tentação no deserto e na
cena do horto das oliveiras, quando um anjo lhe fortalecia antes da Paixão. São
Paulo faz alusão a cinco ordens de anjos.
Tradições
esotéricas cristãs também foram invocadas para se organizar um quadro mais
exato.
As
classificações propostas na Idade Média são as seguintes:
*
*
Teto
do Batistério de São João, em Florença, mostrando as hierarquias angélicas
*
São
Clemente, em Constituições Apostólicas, século I:
1.
Serafins,
2.
Querubins,
3.
Éons,
4.
Hostes,
5.
Potestades,
6.
Autoridades,
7.
Principados,
8.
Tronos,
9.
Arcanjos,
10.
Anjos,
11.
Dominações.
*
Santo
Ambrósio, em Apologia do Profeta David, século IV:
1.
Serafins, 2. Querubins, 3. Dominações, 4. Tronos, 5. Principados, 6.
Potestades, 7. Virtudes, 8. Anjos, 9. Arcanjos.
*
São
Jerônimo, século IV:
1.
Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Dominações, 5. Tronos, 6. Arcanjos,
7. Anjos.
*
Pseudo-Dionísio,
o Areopagita, em De Coelesti Hierarchia, c. século V:
1.
Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades,
7. Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos.
*
São
Gregório Magno, em Homilia, século VI:
1.
Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Principados, 6.
Potestades, 7. Virtudes, 8. Arcanjos, 9. Anjos.
*
Santo
Isidoro de Sevilha, em Etymologiae, século VII:
1.
Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Principados, 5. Virtudes, 6.
Dominações, 7. Tronos, 8. Arcanjos, 9. Anjos.
*
João
de Damasco, em De Fide Orthodoxa, século VIII:
1.
Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Potestades, 6. Autoridades
(Virtudes), 7. Governantes (Principados), 8. Arcanjos, 9. Anjos.
*
São
Tomás de Aquino, em Summa Theologica, (1225-1274):
1.
Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades,
7. Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos.
Dante
Alighieri, na Divina Comédia (1308-1321):
1.
Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades,
7. Arcanjos, 8. Principados, 9. Anjos.
*
De
todas estas ordenações a mais corrente, derivada do Pseudo-Dionísio e de Tomás
de Aquino, divide os anjos em nove coros, agrupados em três trìades.
*
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