sábado, junho 16, 2012




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Gustave Doré: Ilustração para a Divina Comédia, de Dante Alighieri: Paraíso, canto XXXI

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No Cristianismo os anjos foram estudados de acordo com diversos sistemas de classificação em coros ou hierarquias angélicas.

A mais influente de tais classificações foi estabelecida pelo Pseudo-Dionísio, o Areopagita entre os séculos IV e V, em seu livro De Coelesti Hierarchia.

Dionísio foi um dos primeiros a propor um sistema organizado do estudo dos anjos e seus escritos tiveram muita influência, mas foi precedido por outros escritores, como São Clemente, Santo Ambrósio e São Jerônimo.

Na Idade Média surgiram muitos outros esquemas, alguns baseados no do Areopagita, outros independentes, sugerindo uma hierarquia bastante diferente.

Alguns autores acreditavam que apenas os anjos de classes inferiores interferiam nos assuntos humanos.

No Cristianismo a fonte primária ao estudo dos anjos são as citações bíblicas, embora existam apenas sugestões ambíguas para a construção de um sistema como ele se desenvolveu em tempos posteriores.

Os anjos aparecem em vários momentos da história narrada na Bíblia,como quando três anjos apareceram a Abraão.

Isaías fala de serafins; outro anjo acompanhou Tobias; a Virgem Maria recebeu uma visita angélica na anunciação do futuro nascimento de Cristo, e o próprio Jesus fala deles em vários momentos, como quando sofreu a tentação no deserto e na cena do horto das oliveiras, quando um anjo lhe fortalecia antes da Paixão. São Paulo faz alusão a cinco ordens de anjos.

Tradições esotéricas cristãs também foram invocadas para se organizar um quadro mais exato.

As classificações propostas na Idade Média são as seguintes:

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Teto do Batistério de São João, em Florença, mostrando as hierarquias angélicas

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São Clemente, em Constituições Apostólicas, século I:

1. Serafins,

2. Querubins,

3. Éons,

4. Hostes,

5. Potestades,

6. Autoridades,

7. Principados,

8. Tronos,

9. Arcanjos,

10. Anjos,

11. Dominações.

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Santo Ambrósio, em Apologia do Profeta David, século IV:

1. Serafins, 2. Querubins, 3. Dominações, 4. Tronos, 5. Principados, 6. Potestades, 7. Virtudes, 8. Anjos, 9. Arcanjos.

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São Jerônimo, século IV:

1. Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Dominações, 5. Tronos, 6. Arcanjos, 7. Anjos.

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Pseudo-Dionísio, o Areopagita, em De Coelesti Hierarchia, c. século V:

1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos.

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São Gregório Magno, em Homilia, século VI:

1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Principados, 6. Potestades, 7. Virtudes, 8. Arcanjos, 9. Anjos.

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Santo Isidoro de Sevilha, em Etymologiae, século VII:

1. Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Principados, 5. Virtudes, 6. Dominações, 7. Tronos, 8. Arcanjos, 9. Anjos.

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João de Damasco, em De Fide Orthodoxa, século VIII:

1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Potestades, 6. Autoridades (Virtudes), 7. Governantes (Principados), 8. Arcanjos, 9. Anjos.

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São Tomás de Aquino, em Summa Theologica, (1225-1274):

1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos.

Dante Alighieri, na Divina Comédia (1308-1321):

1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Arcanjos, 8. Principados, 9. Anjos.

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De todas estas ordenações a mais corrente, derivada do Pseudo-Dionísio e de Tomás de Aquino, divide os anjos em nove coros, agrupados em três trìades.

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