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Sultão
Muhammad: A Mi'raj, ou Ascensão de Maomé, rodeado de anjos. Iluminura, c. 1650
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No
Budismo e Hinduísmo
O
Budismo e o Hinduísmo descrevem os anjos, ou devas, como os chamam, de maneira
semelhante às outras religiões ocidentais.
Seu
nome deriva da raiz sânscrita div, que significa "brilhar", e seu
nome significa, então, os "seres brilhantes" ou "autoluminosos".
Dizem
que alguns deles comem e bebem, e podem construir formas ilusórias para poderem
se manifestar em planos de existência diferentes dos seus próprios.
O
Budismo estabelece uma categorização bastante completa para os seus devas, em
grande parte herdada da tradição Hinduísta.
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Gênio
alado, fragmento de mural romano do século I.
Anjo
Islãmico no qual eles denominam de Gênio.
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No
Islamismo
A
angelologia islâmica é largamente devedora às tradições dos Zoroastrianismo, do
Judaísmo e do Cristianismo primitivo, e divide os anjos em dois partidos
principais, os bons, fiéis a Deus, e os maus, cujo chefe é Iblis ou
Ash-Shaytan, privados da graça divina por terem se recusado a prestar
homenagens a Adão..
Por
outro lado, existe também no Islamismo uma categorização hierárquica.
Em
primeiro lugar estão os quatro Tronos de Deus, com formas de leão, touro, águia
e homem.
Em
seqüência, vêm o querubim, e logo os quatro arcanjos: Jibril ou Jabra'il, o
revelador, intermediário entre Deus e os profetas e constante auxiliador de
Maomé; Mikal ou Mika'il, o provedor, citado apenas uma vez no Corão (2:98) e
quem, segundo a tradição, ficou tão horrorizado com a visão do inferno quando
este foi criado que jamais pôde falar de novo; Izrail, o anjo da morte, uma
criatura espantosa de dimensões cósmicas, quatro mil asas e um corpo formado de
tantos olhos e línguas quantas são as pessoas da Terra, que se posta com um pé
no sétimo céu e outro no limite entre o paraíso e o inferno; e Israfil, o anjo
do julgamento, aquele que tocará a trombeta no Juízo Final; tem um corpo cheio
de pelos e feitos de inumeráveis línguas e bocas, quatro asas e uma estatura
que vai desde o trono de Deus até o sétimo céu.
Por
fim, os demais anjos.
Como
uma classe à parte estão os gênios, ou djins, que possuem muitas
características humanas, como a capacidade de se alimentar, propagar a espécie,
e morrer, e cujo caráter é ambíguo.
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Os
anjos no Espiritismo
Para
o Espiritismo, doutrina que tem o Cristianismo por base e foi iniciada no
século XIX por intermédio de Allan Kardec, os anjos seriam os espíritos
elevados de benignidade superior que são protetores dos necessitados e
mensageiros do amor.
Seriam,
portanto, aqueles que trazem mensagens do mundo incorpóreo.
Por
este motivo seriam chamados de anjos, palavra que significa mensageiros, os
quais aparecem inúmeras vezes nos textos sagrados de religiões judaico-cristãs,
indicando a comunicabilidade entre vivos e mortos. Ainda segundo o Espiritismo,
os anjos, em sua concepção mais comumente conhecida e aceita - criaturas
perfeitas, a serviço direto de Deus - seriam os espíritos que já alcançaram a
perfeição passível de ser alcançada pelas criaturas.
Estes,
ao fazê-lo, passariam a dedicar a sua existência a fazer cumprir a vontade de
Deus na Criação, por serem capazes de compreendê-la completamente.
Que
haja seres dotados de todas as qualidades atribuídas aos anjos, não restam
dúvidas.
A
revelação espírita neste ponto confirma a crença de todos os povos, fazendo-nos
conhecer ao mesmo tempo a origem e natureza de tais seres.
As
almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos
nem consciência do bem e do mal, porém, aptos para adquirir o que lhes falta.
O
trabalho é o meio de aquisição, e o fim - que é a perfeição - é para todos o
mesmo.
Conseguem-no
mais ou menos prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta dos
seus esforços; todos têm os mesmos degraus a franquear, o mesmo trabalho a
concluir.
Deus
não aquinhoa melhor a uns do que a outros, porquanto é justo, e, visto serem
todos seus filhos, não tem predileções.
Ele
lhes diz: Eis a lei que deve constituir a vossa norma de conduta; ela só pode
levar-vos ao fim; tudo que lhe for conforme é o bem; tudo que lhe for contrário
é o mal.
Tendes
inteira liberdade de observar ou infringir esta lei, e assim sereis os árbitros
da vossa própria sorte. Conseguintemente, Deus não criou o mal; todas as suas
leis são para o bem, e foi o homem que criou esse mal, divorciando-se dessas
leis; se ele as observasse escrupulosamente, jamais se desviaria do bom
caminho. Entretanto, a alma, qual criança, é inexperiente nas primeiras fases
da existência, e daí o ser falível.
Não
lhe dá Deus essa experiência, mas dá-lhe meios de adquiri-la.
Assim,
um passo em falso na senda do mal é um atraso para a alma, que, sofrendo-lhe as
conseqüências, aprende à sua custa o que importa evitar.
Deste
modo, pouco a pouco, se desenvolve, aperfeiçoa e adianta na hierarquia
espiritual até ao estado de puro Espírito ou anjo.
Os
anjos são, pois, as almas dos homens chegados ao grau de perfeição que a
criatura comporta, fruindo em sua plenitude a prometida felicidade.
Antes,
porém, de atingir o grau supremo, gozam de felicidade relativa ao seu
adiantamento, felicidade que consiste, não na ociosidade, mas nas funções que a
Deus apraz confiar-lhes, e por cujo desempenho se sentem ditosas, tendo ainda nele
um meio de progresso.
A
Humanidade não se limita à Terra; habita inúmeros mundos que no Espaço
circulam; já habitou os desaparecidos, e habitará os que se formarem.
Tendo-a
criado de toda a eternidade, Deus jamais cessa de criá-la.
Muito
antes que a Terra existisse e por mais remota que a suponhamos, outros mundos
havia, nos quais Espíritos encarnados percorreram as mesmas fases que ora
percorrem os de mais recente formação, atingindo seu fim antes mesmo que
houvéramos saído das mãos do Criador.
De
toda a eternidade tem havido, pois, puros Espíritos ou anjos; mas, como a sua
existência humana se passou num infinito passado, eis que os supomos como se
tivessem sido sempre anjos de todos os tempos. Realiza-se assim a grande lei de
unidade da Criação; Deus nunca esteve inativo e sempre teve puros Espíritos,
experimentados e esclarecidos, para transmissão de suas ordens e direção do
Universo, desde o governo dos mundos até os mais ínfimos detalhes.
Tampouco
teve Deus necessidade de criar seres privilegiados, isentos de obrigações;
todos, antigos e novos, adquiriram suas posições na luta e por mérito próprio;
todos, enfim, são filhos de suas obras.
E,
desse modo, completa-se com igualdade a soberana justiça do Criador.
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