Uso Veterinário dos Óleos Essenciais
Escrito por Wagner Azambuja
Os animais também podem se beneficiar de todo o poder da
natureza através da utilização dos óleos essenciais e seus hidrolatos. No
entanto, este é um assunto delicado que exige muita atenção, pois a escolha do
óleo/hidrolato, bem como a dosagem e a freqüência de aplicação, pode variar
bastante de animal para animal. Para começar, é importante deixar claro que os
animais, na maioria das vezes (e principalmente os domésticos – a que se refere
este artigo), são criaturas extremamente sensíveis, o que sugere uma diminuição
na concentração desses elementos em relação às doses indicadas para os humanos.
Muitos deles são hiper-sensíveis a alergias, ataques epiléticos, problemas
cardíacos e por esta razão, quando o assunto é o uso veterinário dos óleos
essenciais, a questão da “toxicidade” deve ser imediatamente levantada.
O olfato dos cães, por exemplo, possui 32 vezes mais nervos
olfativos que o do ser humano. Então, um cheirinho que pode nos agradar talvez
não seja nada amistoso para eles. Além disso, o uso incorreto dos óleos
essenciais nesses animais pode trazer sérios transtornos, como o de uma reação
alérgica (relacionada com a pele) cuja coceira leva ao aparecimento de várias
outras doenças que tornam tanto o diagnóstico quanto o tratamento uma tarefa
bastante difícil e demorada. Por esses motivos, recomenda-se que as formulações
contendo óleos essenciais para cães devem corresponder a 25% daquelas para uso
em humanos – e cachorros com menos de 8 semanas não devem entrar em contato com
os óleos, exceto na condição de aromatizador de ambientes.
Ainda com relação aos cães, há na internet diversas receitas
que levam óleos essenciais e prometem maravilhas para esses animais. Algumas
realmente funcionam – como a do sabonete artesanal enriquecido com os óleos de
citronela, capim-limão e lavanda que ajuda a eliminar pulgas, ácaros e odores –
mas outras com certeza não passam de boatos sem fundamento. No entanto, é na
medicina veterinária aplicada que os óleos essenciais vêm despertando a
atenção. Por exemplo: a otite externa canina, uma doença que afeta de 5% a 20%
da população de cães, é uma inflamação dos condutos auditivos que pode estar
associada à presença de bactérias e leveduras como Staphylococcus e Malassezia
pachydermatis. Para tratá-la, existe uma série de cuidados e medicamentos
veterinários, porém, alguns estudos têm demonstrado que soluções a base de
óleos essenciais, como o de aroeira, são especialmente eficientes nesses casos.
Afinal, este óleo, além de ativo contra diversas espécies de fungos e bactérias,
é cicatrizante e analgésico.
Já nos gatos o uso dos óleos essenciais requer ainda mais
atenção, pois há pouco ficou constatado que esses pequenos animais são
especialmente sensíveis a estas substâncias. Dizem, inclusive, que a
aromaterapia com óleos naturais simplesmente não pertence ao mesmo mundo dos
gatos e vice versa – o que é um exagero, claro. Mas toda esta “sensibilidade”
tem explicação. A pele desses felinos é demasiadamente fina, o que acelera, e
muito, a rápida absorção dos óleos bem como o aparecimento de todos os seus
efeitos. E como o fígado dos gatos não faz glucuronidação, uma espécie de
“desintoxicação” – a mesma que permite os humanos a eliminar os medicamentos –
eles são rapidamente intoxicados, apresentando quadros de tontura, vômito,
perda de apetite e até sérias doenças no fígado. Então, nos gatos, recomenda-se
a utilização de hidrolatos ou soluções contendo óleos essenciais bastante
diluídos, na concentração de 0,01 a 0,1%.
Por fim, outros animais domésticos de pequeno porte, como
pássaros, aves, hamsters, coelhos, jabutis e outros, devem usufruir dos
benefícios dos óleos essenciais apenas em vaporizadores ambientais em virtude
de seus tamanhos (com pouco volume sanguíneo).
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