quarta-feira, outubro 31, 2012


Uso Veterinário dos Óleos Essenciais

Escrito por Wagner Azambuja


Os animais também podem se beneficiar de todo o poder da natureza através da utilização dos óleos essenciais e seus hidrolatos. No entanto, este é um assunto delicado que exige muita atenção, pois a escolha do óleo/hidrolato, bem como a dosagem e a freqüência de aplicação, pode variar bastante de animal para animal. Para começar, é importante deixar claro que os animais, na maioria das vezes (e principalmente os domésticos – a que se refere este artigo), são criaturas extremamente sensíveis, o que sugere uma diminuição na concentração desses elementos em relação às doses indicadas para os humanos. Muitos deles são hiper-sensíveis a alergias, ataques epiléticos, problemas cardíacos e por esta razão, quando o assunto é o uso veterinário dos óleos essenciais, a questão da “toxicidade” deve ser imediatamente levantada.

O olfato dos cães, por exemplo, possui 32 vezes mais nervos olfativos que o do ser humano. Então, um cheirinho que pode nos agradar talvez não seja nada amistoso para eles. Além disso, o uso incorreto dos óleos essenciais nesses animais pode trazer sérios transtornos, como o de uma reação alérgica (relacionada com a pele) cuja coceira leva ao aparecimento de várias outras doenças que tornam tanto o diagnóstico quanto o tratamento uma tarefa bastante difícil e demorada. Por esses motivos, recomenda-se que as formulações contendo óleos essenciais para cães devem corresponder a 25% daquelas para uso em humanos – e cachorros com menos de 8 semanas não devem entrar em contato com os óleos, exceto na condição de aromatizador de ambientes.

Ainda com relação aos cães, há na internet diversas receitas que levam óleos essenciais e prometem maravilhas para esses animais. Algumas realmente funcionam – como a do sabonete artesanal enriquecido com os óleos de citronela, capim-limão e lavanda que ajuda a eliminar pulgas, ácaros e odores – mas outras com certeza não passam de boatos sem fundamento. No entanto, é na medicina veterinária aplicada que os óleos essenciais vêm despertando a atenção. Por exemplo: a otite externa canina, uma doença que afeta de 5% a 20% da população de cães, é uma inflamação dos condutos auditivos que pode estar associada à presença de bactérias e leveduras como Staphylococcus e Malassezia pachydermatis. Para tratá-la, existe uma série de cuidados e medicamentos veterinários, porém, alguns estudos têm demonstrado que soluções a base de óleos essenciais, como o de aroeira, são especialmente eficientes nesses casos. Afinal, este óleo, além de ativo contra diversas espécies de fungos e bactérias, é cicatrizante e analgésico.

Já nos gatos o uso dos óleos essenciais requer ainda mais atenção, pois há pouco ficou constatado que esses pequenos animais são especialmente sensíveis a estas substâncias. Dizem, inclusive, que a aromaterapia com óleos naturais simplesmente não pertence ao mesmo mundo dos gatos e vice versa – o que é um exagero, claro. Mas toda esta “sensibilidade” tem explicação. A pele desses felinos é demasiadamente fina, o que acelera, e muito, a rápida absorção dos óleos bem como o aparecimento de todos os seus efeitos. E como o fígado dos gatos não faz glucuronidação, uma espécie de “desintoxicação” – a mesma que permite os humanos a eliminar os medicamentos – eles são rapidamente intoxicados, apresentando quadros de tontura, vômito, perda de apetite e até sérias doenças no fígado. Então, nos gatos, recomenda-se a utilização de hidrolatos ou soluções contendo óleos essenciais bastante diluídos, na concentração de 0,01 a 0,1%.

Por fim, outros animais domésticos de pequeno porte, como pássaros, aves, hamsters, coelhos, jabutis e outros, devem usufruir dos benefícios dos óleos essenciais apenas em vaporizadores ambientais em virtude de seus tamanhos (com pouco volume sanguíneo).

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