sábado, setembro 28, 2013


Magia – Parte 1

A magia rúnica clássica é essencialmente talismânica e consiste em atrair as propriedades de uma runa ou de uma combinação delas para a esfera pessoal do Mestre de Runas, operação que se realiza com a gravação das runas apropriadas nos objetos/locais que devem ser imantados e a invocação dos deuses a elas relacionados para que estes abençoem a sua intenção. No passado, podíamos ver runas gravadas nas paredes das casas, em canecas, espadas e escudos, só para citar alguns exemplos. Bernard King, no livro Elementos das Runas, cita um exemplo tirado do Sigrdrifomál:
Runas de triunfo, se desejar
Você irá gravar no punho da espada,
Algumas na bainha, algumas na lâmina,
E evocar Tyr duas vezes.
Originalmente, os diferentes povos de língua germânica formavam o que denominamos formalmente de religião teutônica mas que pode ser conhecida pelos nomes Galdr ou Odinismo, Ásatrú (um termo do nórdico antigo para “fé nos Æsir”), Seiðr (grupo voltado especificamente ao culto da deusa Freyja) ou simplesmente Troth, que pode ser traduzido por “fé” ou, mais especificamente, “lealdade”). Estes grupos também se utilizam das runas em seus rituais mágicos mas, neste caso, existem alguns “pré-requisitos”, como a iniciação em um grupo apropriado, chamado gild, para se tornar um vitki, ou seja, um Mestre de Runas teutônico.
Ao se referirem ao conceito de wyrd (“destino”), Marijane Osborn e Stella Longlans, autoras do livro O Jogo de Runas, afirmam que o destino só controla a vida de um homem quando ele, por algum tipo de limitação, não assume a responsabilidade pelo seu futuro. Seja como for, todos os princípios morais e mágicos do Troth estão presentes nos textos tidos como clássicos na mitologia nórdica, como é o caso do Edda, que existe numa versão prosa, escrito por Snorri Sturluson por volta de 1235, e numa versão verso, datada de aproximadamente 900 DC. O Hávamál, por exemplo, faz parte do Edda em Verso, também conhecido como Edda Antigo.
Outra conhecida técnica para atrair a energia das runas faz uso do próprio corpo para reproduzir a forma de cada runa. Dentro da tradição rúnica, uma única postura é chamada de Stádhagaldr e uma seqüência delas é chamada de Stöður.
Os textos clássicos sugerem uma combinação de introspecção, visualização, postura, vocalização do fonema e recitação do Antigo Poema Rúnico Inglês correspondente.
O Stöður, em parte, assemelha-se à prática do Tai Chi Chuan, desenvolvendo uma “coreografia” harmoniosa.
Uma terceira opção é a reprodução dos símbolos rúnicos apenas nas mãos. Na tradição oriental é dado o nome de mudra para estes gestos. Não sei se existe um nome específico em alemão para isso.
Apenas como esclarecimento, o nome da esposa de Óðinn é Frigg, e não Freyja, como alguns colocam equivocadamente em livros e sites. Contudo, é esta, e não a primeira, que divide com Óðinn os atributos de natureza mística.

Os Encantos do Runatál

O mesmo Runatál que conta a origem das runas também menciona 18 diferentes encantos que Óðinn aprende enquanto estava pendurado em Yggdrasil.
Para facilitar o seu entendimento, o objetivo de cada encanto vem sintetizado na tabela a seguir. Os versos do Runatál não citam qual a runa própria para cada encantamento mas na terceira coluna você encontrará algumas sugestões:
Encanto Objetivo Runas Sugeridas
1 Para obter ânimo e ajuda durante um período de provação/sofrimento. Fehu, Ingwaz, Laguz
2 Para obter a cura de uma doença. Uruz, Jera, Sowilo
3 É um encanto de proteção na medida que restringe a ação dos adversários. þorn, Isa, Nauðiz
4 O poema se refere à libertação do cativeiro mas podemos considerar aqui outras formas de se estar aprisionado, como a uma pessoa, uma situação ou condicionamento. Ansuz, Fehu, Ingwaz
5 Mais um encanto de proteção, sendo que o Mestre de Runas deve ter conhecimento do “instrumento de ataque” para que este perca a força antes de alcançá-lo. Raiðo, Isa, Kenaz
6 Para devolver uma maldição lançada contra você. Hagall, Jera, Raiðo
7 Usado inicialmente para apagar incêndios. Nos dias de hoje talvez possamos considerar a possibilidade de usá-lo para “esfriar” algumas situações e temperamentos… Isa, Laguz, Nauðiz
8 Para promover a conciliação e o entendimento. Gebo, Mannaz, Wunjo
9 Para garantir o retorno nas jornadas pelo mar. Gebo, Ansuz, Raiðo
10 Para confundir feiticeiros oponentes. Dæg, Ehwaz, Laguz
11 Para proteger os amigos em uma batalha. Pelo texto acredito que também sirva para assegurar uma boa liderança… Sowilo, Algiz, Ansuz
12 Para se comunicar com os mortos. Hagall, Týr, Kenaz
13 É um encanto de bênção, quando o Mestre de Runas lança um manto de proteção sobre alguém. Gebo, Ingwaz, Laguz, Algiz
14 Para se obter uma compreensão melhor a respeito das energias que atuam em nossas vidas. Eihwaz, Ansuz, Mannaz
15 Concede poder, triunfo e conhecimento. Também a capacidade de fazer previsões. Sowilo, Raiðo, Kenaz
16 Para atrair um amor. Kenaz, Jera, Ingwaz
17 Para manter o romance em um relacionamento (um complemento do encanto 16). Gebo, Ingwaz, Ehwaz
18 Para a integração os aspectos masculino e feminino do Mestre de Runas, algo equivalente à carta do Mundo, no Tarot.
(*)
(*) Este encanto lida com as particularidades de cada um. O Mestre de Runas deve consultar o oráculo para saber quais a(s) runa(s) que ele precisa para alcançar este propósito.

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