sábado, abril 30, 2011

QUAL A DIFERENÇA ENTRE EBÓ, EBÔ E ABÔ ???


QUAL A DIFERENÇA ENTRE EBÓ, EBÔ E ABÔ ???
Bom, muita gente confunde os termos, mas é simples demais.



EBÓ é um alguidar onde estão os ingredientes de um sacrifício, de uma comida de santo ou de outra oferenda mais específica para um orixá, a ser entregue à entidade nos pontos da natureza a ela consagrados.

Esse sentido genérico, porém, está desaparecendo cada vez mais do candomblé brasileiro, restringindo-se, na prática, às oferendas feitas a Exú, aos seus despachos.



EBÔ é a comida oferecida ritualisticamente para Oxalá. Consiste de uma mistura oferecida nunca em alguidares de barro (tal como acontece com a maior parte das comidas de santo), mas obrigatoriamente em tijelas de louça branca, a cor de Oxalá, que também é o dominante da comida: mingau de milho branco, cozido demoradamente na água de modo a ficar bem mole. Nunca pode conter sal, ingrediente proibido para Oxalá.

Esta receita indica a influência da interpretação arquetípica da comida: o sal é um tempero que pode fazer mal à circulação sangüínea, preocupação mais comuns às pessoas idosas. Reforçando esse arquétipo do velho associado a Oxalá, o milho é servido como um mingau mole, que pode ser consumido até por uma pessoa sem dentes.



ABÔ como conceito abstrato, proteção. O termo também é usado, em sentido restrito, para designar um banho que serve como ritual de limpeza, de purificação de um corpo para que assim ele possa ser protegido de maneira mais eficaz para um orixá. Na mesma linha, o termo também é usado para designar o líquido feito com folhas sagradas, maceradas em água das quartinhas (vasilhames de barro ou louça) do roncó, que será utilizado nos banhos acima citados.



DICIONÁRIO DA RELIGIÃO

* QUARTINHA - Vasilhas de barro, estreitas em cima, bojudas em baixo, terminando num bocal alto inde são colocados, no peji, os líquidos para os orixás, como água e mel. Podem, eventualmente, conter os assentamentos de orixás, sendo às vezes cobertas com panos da mesma cor das roupas usadas pelos médiuns quando incorporados pelo seu orixá.

* RONCÓ - Camarinha, quarto sagrado com aspectos de clausto, onde as pessoas que estão passanto pelo ritual de iniciação são recolhidas por algum tempo, impedidas do contato com o mundo exterior para aprendizado dos rituais e das características comportamentais associadas miticamente a seus orixás.

* AMACI - Banho de ervas para purificação. O líquido, também chamado amaci, deve ser preparado com folhas sagradas dos orixás da cabeça da pessoa a ser banhada e de Ossaim, o senhor das folhas. Também pode ser utilizado para banhar as patas de animais a serem sacrificados e as guias (colares) ritualísticos dos filhos de santo.



BANHO DE MANJERICÃO (João Nogueira)
Interprete: Clara Nunes

Eu vou me banhar de manjericão
Vou sacudir a poeira do corpo batendo com a mão
E vou voltar lá pro meu congado
Pra pedir pro santo
Pra rezar quebranto
Cortar mau-olhado
E eu vou bater na madeira três vezes com o dedo cruzado
Vou pendurar uma figa no aço do meu cordão
Em casa um galho de arruda é que corta
Um copo d'água no canto da porta
Vela acesa, e uma pimenteira no portão.

Eu vou me banhar de manjericão
Vou sacudir a poeira do corpo batendo com a mão
E vou voltar lá pro meu congado
Pra pedir pro santo
Pra rezar quebranto
Cortar mau-olhado
E eu vou bater na madeira três vezes com o dedo cruzado
Vou pendurar uma figa no aço do meu cordão
Em casa um galho de arruda é que corta
Um copo d'água no canto da porta
Vela acesa, e uma pimenteira no portão.

É com vovó Maria que tem simpatia pra corpo fechado
É com pai Benedito que benze os aflitos com um toque de mão
E pai Antônio cura desengano
E tem a reza de São Cipriano
E têm as ervas que abrem os caminhos pro cristão.


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