quinta-feira, outubro 13, 2011

VERDADEIRA ALQUIMIA


VERDADEIRA ALQUIMIA

"Há em nossa química certa nobre substância, em cujo princípio a
aflição rege com o fel, mas em cujo final o júbilo rege com a
doçura." (Jung, Psychology and Alchemy, CW 12, 387)
Na idade média, tendo como base os Princípios Herméticos e trechos
da Cabala, experiências e vários rituais, à busca da pedra filosofal
e transmutação dos metais em ouro, chamavam Alquimia e foi a ciência
principal e precursora da química e da medicina. Da Cabala eram
usados os signos e a Lei das Analogias, que resultava da harmonia
dos contrários. A alquimia se preocupava também com a cosmogonia,
astrologia e a matemática.
Alquimia é palavra derivada do árabe "al-Limia", que denota a
química espiritualista ou Ciência de Deus, pois, "al" é o mesmo que
Ser Supremo
Normalmente, um Alquimista era também um médico, filósofo e
astrólogo, tal como Paracelso, Alberto Magno, Santo Agostinho, Frei
Basílio Valentim e tantos outros grandes Mestres e cada um deles
iniciava seus discípulos, transmitindo-lhes seus conhecimentos.
Deixavam seus estudos escritos para que perdurassem, quase
totalmente através de símbolos, pseudônimos, alegorias ou figuras,
destinados à compreensão apenas dos iniciados. Por isso, devido à
ausência de um sentido uniforme, até os dias de hoje as
interpretações ficam à mercê de cada autor.
Há referências à Alquimia com o nome de Ars Symbollica, devido aos
inúmeros símbolos. Devido ao efeito da metamorfose, a borboleta é o
grande símbolo alquímico e a figura do hermafrodita ou andrógino é a
que mais aparece nos trabalhos descritos pelos Mestres.
O princípio básico da alquimia é a aplicação da Lei de
Correspondência, cujo enunciado encontramos no texto alquímico da
idade média, extremamente famoso, que é a Tábua Esmeraldina: "Assim
em cima é idêntico ao que está embaixo e o qual está embaixo é
idêntico ao que está em cima", ou seja, há uma correspondência entre
Microcosmo e o Macrocosmo; entre a matéria e o espírito; entre o
homem e a divindade. A aplicação destas correspondências é a chave
da realização daquilo que é chamado na Alquimia do "Magnus Opus", ou
a "Grande Obra", ou, usando um termo bem alquímico, a obtenção
da "Tintura", da "Grande Tintura Mágica".
Carl Jung, grande psicólogo e colecionador da literatura de alquimia
da Europa, usava o simbolismo alquímico para descrever o processo
psicológico do ser humano. Hoje em dia, existe uma vertente de
psicólogos que mantêm esta prática.
Com o passar dos tempos, a maioria dos alquimistas percebeu que a
verdadeira transmutação é aquela que ocorre na própria Alma do
homem, é a arte de trabalhar e aperfeiçoar os corpos com o auxílio
da natureza, assim, ela assenta sobre um conjunto de teorias
relativas à constituição da matéria, à formação de substâncias
inanimadas e vivas, dentre outros. A Alquimia é a busca da
compreensão das Leis da natureza, de sua sabedoria, na energia
espiritual, não somente no materialismo.
Não pense o leitor que é fácil atingir tal compreensão, pois, muitos
anos são necessários e muitas vezes, percebe-se que nada se sabe e é
preciso reiniciar para tentar alcançar o objetivo.
Para um alquimista, a matéria é composta por três princípios
fundamentais, Enxofre, Mercúrio e Sal, os quais poderão ser
combinados em diversas proporções, para formar novos corpos. No
dizer de Roger Bacon, no Espelho da Alquimia, «...A alquimia é a
ciência que ensina a preparar uma certa medicina ou elixir, o qual,
sendo projetado sobre os metais imperfeitos, lhe comunica a
perfeição...»
Mas, a Alquimia prática, aplicação direta da Alquimia teórica, é a
busca da pedra filosofal e reveste-se de dois aspectos principais: a
medicina universal e a transmutação dos metais, sendo uma a prova
real da outra.
Segundo o Glossário Teosófico, o Conde de Saint Germain era um
alquimista prático e um alquimista espiritual. Conta que não usava
moedas e sim diamantes puros para pagamento das suas contas. Toda
sua técnica, principalmente a transformação do carbono, cuja versão
simplificada é o carvão e a mais sofisticada é o diamante, foi
aprendida na Índia.
Dentre as leis mencionadas nos estudos alquímicos, podemos citar: A
Lei de Causa e Efeito ou Lei do Carma que pode ser definida como a
energia qualificada e irradiada, seja boa ou má, conhece seu gerador
e a ele retorna, com o objetivo de ser liberada, enriquecida por
energias semelhantes que encontra em seu trajeto. Assim, os atos,
omissões, pensamentos, sentimentos e palavras, são os responsáveis
pelas futuras existências do homem.
A Lei da Evolução estabelece que, a cada ciclo de retorno, a
consciência deve elevar-se a um degrau na escala evolutiva. Esta lei
é representada por uma espiral ascendente, significando que esta lei
abre o círculo de retorno para tornar possível a libertação da
reação dos erros passados e o avanço na escala evolutiva do ser. Se
não fosse deste modo, todos os seres permaneceriam estagnados num
mesmo ciclo de ação e reação.
A Lei da Misericórdia é a lei do perdão. É a lei que torna possível
a libertação dos ciclos de ação e reação e que permite agilizar a
passagem através dos degraus evolutivos, em direção à consciência
mais elevada do ser.
Grandes Mestres antigos, como Paracelso, Hermes, e outros, ensinaram
que tudo é composto pelos quatro elementos. Para a Teosofia, os
quatro elementos estão ligados com os planos da existência, como
sendo a terra relacionada ao plano físico e a realidade objetiva; a
água com a dimensão astral ou emocional, da existência; o ar com a
mente; o fogo com a dimensão espiritual.
Então, percebemos que Alquimia é o caminho que leva o ser para a
transformação, para a elevação máxima da consciência, onde a Pedra
Oculta, a matéria-prima do alquimista, é o símbolo do ser em
transformação, contado nos textos bíblicos, onde Moisés "tira água
das pedras", até a teoria e prática modernas onde a Maçonaria toma a
pedra como símile do ser humano.
Podemos dizer que a matéria prima da Alquimia é também a matéria
prima da Yoga, do cristão, do espírita, do teosofista, porque se
trata da transformação da Alma em algo Divino. Podemos adotar "n"
simbolismos para isso, o simbolismo cristão, o simbolismo do
espiritismo, o simbolismo muçulmano, e o simbolismo alquímico, mas
sempre trataremos sobre a transformação da nossa natureza em algo
maior, mais aprofundado.
O alquimista verdadeiro ele não pode se limitar a uma religião, não
nega a existência cósmica. É necessário descobrir como essa
Inteligência se manifesta "dentro" dele. As operações alquímicas vão
levar a pessoa, paulatinamente, a partir do momento da verificação
da "matéria prima". A primeira matéria-prima que deve ser usada é o
defeito de caráter, de personalidade.
Como esoteristas temos que reconhecer a existência de nossa
personalidade e do nosso ser espiritual. Essas duas dimensões juntas
é que vai levar o indivíduo a integração. O alquimista, através da
descoberta da "matéria prima", que é o seu interior, reconhecerá o
seu "inconsciente". Deverá se integrar com seus sonhos, verificar as
influências subjetivas que envolvem sua vida, e ter muito nítido
o "eu", a personalidade que ele é. Assim, obterá domínio sobre as
leis. A Pedra Oculta na verdade é uma dimensão da própria pessoa que
vai ser descoberta; por isso que ela vai visitar o centro da Terra,
ou seja, visitar o seu próprio interior.
"Essa matéria está diante de todos; todas as pessoas a vêem, tocam,
amam, mas não a conhecem. Ela é gloriosa e vil, preciosa e
insignificante, e é encontrada em toda a parte... Para resumir,
nossa Matéria tem tantos nomes quantas são as coisas do mundo; eis
porque o tolo não a conhece" (The Hermetic Museum, 1:13)

(Trechos da Sociedade Teosófica do Brasil)

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