ÍSIS, DO MITO À
HISTÓRIA
No começo só existia o grande, imóvel e infinito mar universal, sem vida e
em absoluto silêncio. Não havia nem alturas, nem abismos, nem princípio, nem
fim, nem leste, nem oeste, nem norte e nem sul. Das primeiras sombras se desprenderam
as trevas e apareceu o caos. Desse ilimitado e sombrio universo surgiu a vida
e, com ela, a estirpe dos Deuses.
Conta a mitologia solar que o criador de tudo foi Atum, o Pai dos Pais. A
partir do momento que Atum toma consciência de si mesmo, ele tornou-se Rá.
Em sua infinita sabedoria, o Deus consciente, desejou e materializou uma
separação entre si mesmo e as águas primordiais, desejando emergir a primeira
terra seca em forma de colina a que os egípcios chamaram a "colina
benben".
Então Atum criou os outros Deuses. Recolheu seu próprio sêmen na mão, e
engolindo-o se fecundou a si mesmo. Vomitou, dando vida a Shu e Tefnut, o ar
seco e o ar úmido.
Shu e Tefnut se unem e dão a luz ao Deus Geb, a terra, e a Deusa Nut, o céu,
que, por sua vez, quando se uniram fisicamente tiveram quatro filhos: Osíris
(Deus da Ordem), Seth (Deus da Desordem) e suas irmãs Ísis e Neftis, nascidos
nessa ordem. A nova geração completa o número de nove divindades, a Enéada, que
começa com o Deus criador primordial. Na escrita egípcia o três era utilizado
para representar o número plural, enquanto que o nove proporciona um meio
simbólico de indicar o "todo". A Enéada do Deus Sol é conhecida entre
os egiptólogos como a Enéada Heliopolitana.
Osíris, o primogênito, havia herdado de seu pai Geb a terra para governá-la.
Já a Deusa Ísis, cujo nome significa "o trono", "a sede"
(capital), se uniu a seu irmão Osíris, para sustentar todo o seu poder,
estabelecendo-se assim, o primeiro casal real do Egito. Se ele era o rei, soberano
da terra, ela ia ser seu trono, a sede eternamente estável, de onde era
exercida toda a realeza sobre o Egito.
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