quarta-feira, dezembro 17, 2008

Porque não comer carne (continuação)


A Política da Fome

De acordo com um mito largamente difundido sobre a fome, o mundo não tem a capacidade de alimentar sua população. Assim dizem: "Cada um está fazendo o melhor que pode. Simplesmente, não há o suficiente para todos. As massas famintas estão se multiplicando rapidamente, e se quisermos evitar a catástrofe, devemos fazer um esforço concentrado para controlar a natalidade".
Entretanto, grande número de cientistas, economistas e agrônomos famosos manifestam forte discordância: "Isto é absolutamente falso, um mito!", dizem eles. "Na verdade, há o suficiente para todos, a até mais. Qualquer deficiência devesse à má utilização e à distribuição irracional dos recursos".
De acordo com Buckminster Fuller, atualmente, há recursos suficientes para alimentar, vestir, abrigar a educar cada ser humano deste planeta com um padrão de classe média americana. Recente pesquisa realizada pelo "Institute for Development and Food Policy of U. S. A." (Instituto de desenvolvimento a política alimentícia dos Estados Unidos) comprovou que não há nenhum país no mundo que não tenha a capacidade de alimentar sua população com seus próprios recursos. Não há nenhuma relação entre densidade demográfica a fome, dizem eles. Bangladesh tem apenas a metade da população de Formosa por hectare de terra cultivado, entretanto, em Formosa as pessoas não morrem de fome, enquanto em Bangladesh há um dos maiores índices de pessoas famintas do mundo. Na verdade, os países com maiores densidades demográficas do mundo não são a Índia e Bangladesh, mas sim a Holanda e o Japão. É claro que a densidade demográfica não é o motivo pelo qual o povo morre de fome. E é óbvio que o mundo pode chegar a um limite quanto à sua capacidade populacional. Mas esse limite está estimado em aproximadamente 40 bilhões de pessoas (atualmente estamos na casa dos 6 bilhões). Hoje em dia, mais da metade das pessoas, no mundo, está passando. fome; e um grande número de pessoas está morrendo de fome. Se há o suficiente para todos, onde ele se encontra?
Verifiquemos por quem a como os alimentos são controlados. A indústria alimentícia é a maior indústria do mundo - produzindo algo em tomo de 350 bilhões de dólares por ano (mais do que as indústrias automobilística, de aço ou petrolífera). Um número relativamente pequeno de multinacionais gigantescas domina essa indústria, tendo o poder concentrado em suas mãos. É amplamente conhecido e comprovado o fato de as multinacionais manterem um controle político extensivo; o que isto significa é que um número relativamente pequeno de corporações tem condições de regular a controlar o fluxo de alimentos para bilhões de pessoas. Como isto é possível?
Uma das formas de manipulação do mercado pelas grandes corporações é através do controle de cada fase de produção. Por exemplo, uma grande corporação produz máquinas agrícolas, ração, fertilizantes, combustíveis, embalagens e, além disso, possui cadeias de supermercados, firmas de atacado a fábricas de processamento de alimentos. Os pequenos agricultores não podem competir, porque as corporações têm condições de reduzir artificialmente os preços, eliminado a concorrência a levando-os à falência. Ao mesmo tempo, elas podem recuperar seus prejuízos com o aumento artificial dos preços em áreas onde a concorrência já tenha sido extinta. Assim, foi comprovado que, desde a Segunda Guerra Mundial, o número de fazendas nos Estados Unidos reduziu-se à metade a que mais de mil fazendeiros independentes vendem suas fazendas a cada semana. No entanto, estudos do "Departamento de Agricultura Americano" demonstram que as pequenas fazendas independentes produzem alimentos mais baratos do que as gigantescas fazendas.
Poder econômico: Nos Estados Unidos, por exemplo, menos de 0,1% de todas as empresas possuem mais de 50% da riqueza empresarial; a 90% de todo o mercado de cereais é controlado por apenas seis empresas.
Poder de decisão: As corporações agrícolas decidem qual produto será plantado, quanto será produzido, a qualidade e o preço dos produtos. Eles podem reduzir a produção ou fazer grandes estoques, criando, dessa forma, escassez artificial de alimentos (obviamente, para elevar seus preços).
Os departamentos governamentais que deveriam regular tais questões são orientados pela política das corporações agrícolas. Os altos cargos governamentais (secretário da Agricultura etc.) são normalmente exercidos por executivos dessas corporações.
As multinacionais têm obtido bastante sucesso na acumulação de riqueza. A regra básica é manter os preços elevados a produzir apenas a quantidade comercializável; de forma que a curto prazo os preços flutuam, mas a longo prazo eles tendem a aumentar.
Mesmo que esse esquema tenha representado grandes lucros para poucos, ele tem sido bastante prejudicial para muitos. Na verdade, não há nenhuma "escassez de terra" ou "escassez de alimento". Se o objetivo fosse a utilização dos recursos mundiais para suprir as necessidades humanas, ele seria facilmente alcançado.
Porém, como o objetivo é a maximização dos ganhos de uma minoria, temos a história trágica de um planeta com metade de sua população passando fome. Sinceramente, a aspiração de tornar-se rico através da exploração de outros é uma doença mental - uma enfermidade que acarreta distorções de todos os tipos em nosso planeta.
Na América Central, onde mais de 70% das crianças passam fome, 50% da terra é utilizada para os "plantios rentáveis" (como o de lírio, que dá grandes lucros rapidamente, mas que tem pouca utilidade para a sobrevivência humana). Enquanto as multinacionais usam as melhores terras para cultivar seus plantios rentáveis (café, chá, fumo, produtos exóticos etc.), a população local é forçada a usar as terras em erosão a de difícil cultivo para produzir o seu alimento.
Os fundos internacionais para o desenvolvimento financiaram a irrigação dos desertos do Senegal, com o intuito de promover o cultivo de beringela e manga por firmas multinacionais, que as transportam, por via aérea, para as melhores mesas da Europa.
No Haiti, a maioria dos camponeses (paupérrimos) luta pela subsistência, tentando cultivar alimento em aclives montanhosos, com 45 graus, ou mais, de inclinação. Diz-se que eles foram privados de seu direito nato: uma das terras mais férteis do mundo. Essas terras, agora, pertencem a meia dúzia de empresários elitistas; o gado é transportado de avião, por firmas americanas, para pastar, sendo depois abatido e exportado para restaurantes de privilegiados.
No México, as terras que outrora cultivavam o milho dos mexicanos, atualmente produzem vegetais requintados para os cidadãos americanos: o lucro é 20 vezes maior. Centenas de milhares de antigos agricultores perderam suas terras. Incapazes de competir com os grandes latifundiários, eles inicialmente arrendam suas terras para arrecadar algum dinheiro; o passo seguinte é trabalhar para as grandes firmas; finalmente, eles se tornam trabalhadores migratórios, vagando em busca de emprego para sustentar suas famílias. Tais condições têm provocado repetidas ondas de rebelião.
Em 1975, o melhor solo da Colômbia foi utilizado para produzir flores, num montante de 18 milhões de dólares. Cravos deram um lucro 80 vezes superior ao plantio anterior de trigo.
Não há o suficiente para todos? Não é bem assim. As terras boas a os melhores recursos estão sendo utilizados para plantios luxuosos, que visam ao lucro. Pelo mundo afora vemos um modelo devastador. A agricultura, antes o meio de vida de milhares de fazendeiros auto-suficientes, está sendo convertida em meio de produção de itens não-essenciais, bastante lucrativos, para uma minoria (bem alimentada) que pode comprá-los. Ao contrário do mito largamente difundido, nossa segurança alimentar futura não se encontra ameaçada pelas massas famintas a proliferas, mas sim pelas elites que lucram através da concentração a da internacionalização do controle de recursos alimentícios.
A produção de carne é o auge desse sistema pernicioso. "Os grãos das classes pobres estão sendo desviados para alimentar o gado dos ricos", diz o diretor do Conselho de Proteína das Nações Unidas. À medida que aumenta a procura de carne, as nações ricas compram quantidades cada vez maiores de grãos para alimentar porcos e gado. Estoques de grãos, outrora usados para alimentar pessoas, são vendidos a quem oferece o melhor preço, a um sem número de seres humanos está efetivamente condenado a morrer de fome. "Os ricos podem competir para adquirir os alimentos dos pobres; mas os pobres não têm como competir."
Em sua "Nota aos Consumidores", John Powell, do grupo "Ação na Educação Alimentar", escreveu: "O preço dos grãos provavelmente aumentará neste verão (...) Mas, quando for investigar os motivos desse aumento, não olhe apenas para os árabes, o preço do petróleo e a crescente população do Terceiro Mundo. Olhe para as corporações multinacionais que controlam a indústria alimentícia com uma pequena ajuda de seus amigos empossados no governo. E lembre-se de que o negócio deles é lucrar a não alimentar as pessoas. E enquanto tentamos desvendar mitos, devemos lembrar que não somos impotentes".
De fato, não somos impotentes. E mesmo que as dificuldades pelas quais a humanidade está passando pareçam quase insuperáveis, muitas pessoas acham que estamos no limiar de uma nova era, quando os seres humanos em toda parte poderão ver esta simples verdade: a sociedade humana é una a indivisível; assim, o sofrimento de um implica no sofrimento de todos.
Enquanto explicava como uma sociedade baseada no universalismo pode ser estabelecida, P. R. Sarkar disse: "Uma sociedade em harmonia pode ser conseguida através do estímulo ao espírito de luta daqueles que desejam estabelecer uma única sociedade humana... Aqueles que se colocarem à frente de tal movimento baseado em moralidade serão os líderes da integridade moral, líderes cujos objetivos não serão nem a fama, nem a riqueza, nem o poder, mas sim os interesses de toda a sociedade humana".
"Uma vez que a propriedade de todo este universo foi herdada por todos os seres, como pode haver qualquer justificativa para um sistema em que alguém possui riqueza em abundância, enquanto outros morrem por falta de um punhado de grãos? " (P. R. S arkar)
"Assim como a aurora carmim é inevitável após a escuridão atroz da noite sem luar, exatamente da mesma forma eu sei que um capítulo glorioso a radiante virá após anos de condenações a humilhações da humanidade esquecida de hoje. Aqueles que amam a humanidade, aqueles que desejam o bem-estar de todos os seres vivos devem estar bastante ativos a partir de agora, desvencilhando-se da letargia a da indolência, para que a hora mais auspiciosa chegue mais cedo." "Este empenho para o bem-estar da raça humana diz respeito a todos - é seu, é meu, é nosso. Nós podemos optar por ignorar nossos direitos, mar não devemos esquecer nossas responsabilidades. Esquecer as nossas responsabilidades implicará na humilhação da raça humana." (Shrii Shrii Anandamurti)
"AHINSA": Não Causar Dor aos Seres Vivos

Todas os comentários relativos à saúde, à economia etc., anteriormente feitos, não são as únicas razões para não comermos carne. Uma dos mais importantes motivos é que não devemos tirar a vida, até mesmo de um animal, desnecessariamente. Muitos grupos religiosos a espiritualistas, por considerarem a vida sagrada, têm advogado uma dieta vegetariana, recomendando a todos que vivam sem causar sofrimento. De acordo com seu ponto de vista, um verdadeiro ser humano vê os animais não apenas como meio de produção ou alimento, mas como irmãos inferiores, a sente que não tem o direito de lhes causar agonia a tirar-lhes a vida brutalmente, a menos que sua sobrevivência dependa disso absolutamente.
Já que é possível vivermos mais saudáveis sem comer carne, cabe aqui nos perguntarmos se comer carne é um hábito moral a humano. Obviamente, os animais não cedem as suas vidas voluntariamente para que possamos nos dar ao luxo de comer sua carne. Qualquer pessoa que já visitou um matadouro pode atestar o fato de que os animais sofrem bastante antes a durante o seu sacrifício Somente nos Estados Unidos, doze milhões de animais são sacrificados diariamente para atender as supostas necessidades alimentares. Aqueles que entre nós chorariam, se o seu gato ou cachorro morresse, seguem em silêncio, consentindo a matança desnecessária de milhões de animais todos os dias.
Um grande líder espiritual contemporâneo, Shrii Shrii Anandamurti, explica 'ahimsa' da seguinte forma: "Até onde for possível, o alimento deve ser escolhido dentre as categorias de seres que tenham consciência menos desenvolvida, ou seja, se os vegetais estiverem disponíveis, os animais não devem ser abatidos. Além do mais, antes de matar qualquer animal que tenha consciência desenvolvida, ou não, considere repetidas vezes se é possível viver com um corpo saudável sem tirar tal vida".
Muitos outros grandes santos compartilharam desse ponto de vista. Nos primórdios do movimento cristão, por exemplo, um grande número de seitas cristãs a judaicas se opuseram a comer carne, por serum luxo dispendioso a cruel. Através da história, sábios a líderes espiritualistas têm-nos alertado para o fato de que nunca seremos capazes de alcançar estados mais elevados de consciência ou de formar uma sociedade humana baseada no amor, a menos que deixemos esse hábito cruel de comer carne.
"É meu ponto de vista que o modo de vida vegetariano, pelo seu efeito puramente físico no temperamento humano, teria uma inluência bastante benéfica no destino da humanidade." (Albert Einstein)
"Os animais são meus amigos.... e eu não consumo os meus amigos." "Isto é terrível! Não só devido ao sofrimento e a morte dos animais, mas também devido ao fato de o homem se privar da mais elevada capacidade espiritual, que é a de sentir simpatia a compaixão por todos os seres vivos; violentando seus próprios sentimentos a se tornando cruel." (George Bernard Shaw)
"O homem é verdadeiramente o rei dos animais, pois sua brutalidade os supera. Nós vivemos graças à morte dos outros. Somos cemitérios! Desde tenra idade eu abdiquei de comer carne, e estou seguro de que haverá um dia em que os homens vão encarar o sacrifício de animais como agora vêem a morte de seres humanos." (Leonardo da Vinci)
"Enquanto aceitarmos ser túmulos ambulantes de animais sacrificados, como poderemos ter condições ideais nesta terra? " (Leon Tolstoi)
"A paz no mundo, ou em qualquer outra esfera, resultará, principalmente, de nossa atitude mental. O vegetarianismo pode proporcionar a atitude mental adequada à paz ... Ele expressa um modo de vida aprimorado que, .se .for praticado universalmente, poderá conduzir as nações a um convívio melhor, mais justo a mais pacífico." (U Thant - Ex-primeiro-ministo de Myanma)
Outros entre Muitos Vegetarianos Famosos:
Annie Besant, Beethoven, Bernard Shaw, Bircher-Benner, Bob Dylan, Buda, Byron, Carl Segan, Confúncio, Cuvier, Edward Carpentier, Empédocles, Epicuro, Gandhi, George Harrison, Goethe, Haekel, H.G.Wells, Isaac B. Singer, Jâmblico, Jesus, John Kellog, Khalil Gibran, Krishnamurti, Lady Dowding, Lao Tsé, Leibniz, Leonardo da Vinci, Lineu, Maeterlinck, Mahavira, Martina Navratilova, Milton, Orígenes, Ovídio, Pascal, Paul Carton, Paul e Linda McCartney, Pitágoras, Platão, Plotino, Plutarco, Porfírio, São Clemente de Alexandria, São Jerônimo, São João Crisóstomo, Sêneca, Shankaracharya, Schoppenhauer, Shelley, Spencer, Sócrates, Sylvester Graham, Tertuliano, Thoreau, Tolstoy, Voltaire, Xenofonte, Zoroastro.

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