ARCANOS MENORES: 56 retratos da vida
Terminada a série das 22 lâminas correspondentes aos Arcanos
Maiores, que são os passos evolucionários de um processo de
transformação que vivemos ao longo da nossa jornada, começo hoje a fazer
uma leitura pessoal sobre as 56 cartas chamadas de Arcanos Menores.
Os Arcanos Menores correspondem às peças que constituem os nossos
mundos, tanto interiores como exteriores. Como tal eles poderiam serem
comparados a átomos ou moléculas, algo universal, abstrato e bastante
impessoal. Para interpretá-los e aplicarmos as suas qualidades à
condição humana, iremos necessitar usar nossa intuição além dos
significados tradicionais das cartas, suas associações com astrologia,
numerologia, cabala e demais símbolos como um ponto de partida. Eles
representam a maneira pela qual os Arcanos Maiores, com suas figuras
arquetípicas, atual em nossa vida.
São divididos em 4
grupos, Fogo, Água, Ar e Terra, retratando as qualidades atribuídas a
esses elementos: a Intuição, os Sentimentos, o Intelecto e as Sensações,
respectivamente. Além disso, as 56 cartas são separadas entre as 16
Cartas da Corte, que simbolizam o caráter ou tipos diversos de
personalidade de pessoas reais (inclusive o Consulente) que possam estar
envolvidas no assunto da leitura de uma jogada de tarot. As restantes
40 cartas, numeradas de 1 (Ás) a 10, representam acontecimentos e
experiências, atos e consequências de decisões das quais o Consulente
tem alguma forma de participação e podem ser associadas às 10 esferas
(Sephirot) da Árvore da Vida .
Os naipes, representando os 4 Elementos, são os instrumentos que transformam possibilidades em realidade.
PAUS:
O naipe de Paus (Bastões, Varas, Cetros) expressa o elemento Fogo e os
conceitos derivados tais como espírito, energia, assertividade. As
características desse elemento, em sua forma ígnea e iluminadora, estão
concentrados na 2ª Esfera (Sephira) da Árvore da Vida, chamada Chokmah e
considerada masculina: energia dinâmica, origem da força vital e da
polaridade. É a paixão, o nosso poder de realização, o nosso interesse,
nossa individualidade, aquilo que nos motiva e colabora para que
tenhamos ou não sucesso. É nossa autoconfiança, nosso entusiasmo, nossa
criatividade, o que nos faz ter vontade de viver. Fogo é expansão. Paus
refere-se à nossa necessidade de crescermos, evoluirmos e assumirmos um
papel ativo em nossos destinos. Um certo “jeitinho”, um pouco de “jogo
de cintura” podem nos ajudar muito no caminho.
COPAS:
Esse naipe (Taças, Conchas, Corações, Cálice) corresponde ao elemento
Água e estabelece uma relação de como compreendemos a água como algo
fluido, que se espalha, vazando e penetrando sem oferecer resistência
mas também sem conhecer obstáculos, assumindo a forma do recipiente que a
contém. Portanto é muito facilmente comparada às forma como vivemos
nossas emoções, como sentimos, como amamos. São os nossos
relacionamentos, nossos envolvimentos românticos, nossa capacidade de
sermos receptivos e nos moldarmos às situações. Binah, a 3ª Sephira
(Esfera) na Árvore da Vida, representa essa água primal, onde as forças
do inconsciente se agitam. É considerada fonte de uma energia receptiva,
portanto feminina, origem das formas e das estruturas. Normalmente o
naipe de Copas nos favorece com alegrias e felicidade e nos ensina a
deixarmos nossos problemas escorrerem pelo ralo.
AR:
Este é o elemento representado pelo naipe de Espadas (Lanças, Pássaros,
Punhais, Vento, Nuvens) e diz respeito aos nossos pensamentos. Como os
dois elementos simbolizados nos naipes anteriores, o Ar está sempre em
movimento, assim como estão constantemente se movendo, muitas vezes de
maneira inconstante e imprevisível, as nossas idéias, os mecanismos que
acionam o nosso raciocínio lógico. Com o Ar nós rompemos a neblina que
recobre as verdades, descobrimos que podemos incursionar na escuridão do
desconhecido, da ignorância, e dercortiná-la, trazendo-a à luz da
razão, da lógica, da clareza mental. São as nossas intenções,
ideologias, a nossa percepção, a capacidade de diferenciar, selecionar,
catalogar e criticar. Ocupando a esfera (sephira) de Tiphareth, no
centro da Árvore da Vida, é o núcleo do processo de criação. Aqui as
energias se harmonizam, iluminando as ilimitadas e indefinidas
possibilidades de Kether. Como uma espada que perfura e corta, o naipe
de Espadas também estampa as lutas, as questões, as discussões, os
conflitos e a agressividade. As cartas desse naipe tanto podem
representar a construção de elaborados projetos mentais, como colapsos
nervosos.
OUROS:
(Discos, Moedas, Pedras, Pentáculos) Chegamos ao Elemento Terra e à lei
de causa e efeito que rege o mundo material. O naipe de Ouros é pura
energia em movimento e incorpora a estrutura atômica de toda a matéria.
Malkuth, a 10ª sephira (esfera) da Árvore da Vida, é o quartel-general
desse elemento e simboliza o mundo físico, o mundo da ação, da realidade
exterior. É da terra que retiramos os alimentos que nos nutrem e é nela
que nos sentimos assentados, enraizados. Nela concentramos e
consolidamos os nossos valores materiais, nossas posses, nossas
aquisições. A Terra, representando nosso corpo físico, fornece
sustentabilidade para que a alma experimente a realidade. As cartas
desse naipe se relacionam com dinheiro, carreira, posses. Podemos nos
surpreender admirando tudo o que conseguimos amealhar através de muito
trabalho, ou então, horrorizados, vermos tudo escapar-nos por entre os
dedos e espatifar-se no chão.
Se os Arcanos Maiores
significavam os “grandes segredos”, esta viagem que iniciamos hoje nos
levará a descobrirmos juntos os “pequenos segredos”.
De uma
maneira bastante simplista e generalizada, podemos dizer que quando
numa leitura de tarot temos uma maioria de cartas dos Arcanos Menores, a
resposta a ser encontrada junto com o Consulente está baseada em
assuntos e energias bastante terrenos. Esse tipo de resposta é,
frequentemente, muito fácil de ser percebida, intuída, mas apresenta
muito mais desafios. Os Arcanos Menores tendem a explicarem as coisas em
termos bastante humanos, pois a estória que essas cartas contam é a
respeito de estarmos vivos e vivendo neste plano, neste planeta, nesta
época. Elas não pretendem atingirem conceitos muito abstratos ou
filosóficos mas, ao contrário, vão fundo naquilo que significa ser
humano. Nós comemos, bebemos, amamos, trabalhamos, lutamos, rimos e
choramos. É com isso que os Arcanos Menores se ocupam. Eles são a base, o
apoio, o alicerce das leituras de tarot, fornecendo respostas práticas
sobre o que, quando e como fazer, quando se trata de assuntos terrenos,
da vida cotidiana. Assim como necessitamos de substantivos, adjetivos e
verbos para podermos construir sentenças com algum significado, também
precisamos dessas importantes 56 lâminas para usá-las para detalhar e
complementar os assuntos e temas abordados pelos Arcanos Maiores.
Sejam todos bem vindos a mais esta viagem!
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